As quase 1.200 indicações com pedidos de obras e de melhorias feitas pelos vereadores ao governo nesse primeiro semestre do ano também despertaram interesse da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs). Mantendo a proposta de participar mais ativamente dos assuntos de interesse público, o presidente da Acijs, Giuliano Donini, chamou a atenção para um fato que se tornou a mais pura realidade.
Ao assinarem uma indicação atrás da outra, algumas sem critério, muitas vezes só para dar satisfação aos eleitores, os vereadores estão dando ao Executivo a permissão para justificar o não atendimento por falta de recursos.
Levantamento da entidade mostrou que se fosse atender aos anseios dos parlamentares somente nesse primeiro semestre de 2017, o governo teria que investir R$ 232 milhões. Para se ter uma ideia de como tal demanda é inviável, a previsão de arrecadação do município para este ano é de R$ 699,6 milhões. A Saúde deve ficar com 23,7% do montante, a Educação, com 21,4%.
De gastos com pessoal e encargos sociais, a Prefeitura vai gastar R$ 348 milhões. Ou seja, sobra muito pouco, ou quase nada, para investimentos. Para ações de Urbanismo, o Orçamento prevê R$ 68 milhões para o ano inteiro. Atento à realidade, Donini elogiou a vontade dos vereadores em trabalhar em prol da comunidade, mas defendeu que é preciso selecionar os pedidos com efetividade e senso de urgência. “Senão fica cômodo para a Prefeitura dizer que não tem dinheiro para atender os pedidos”, sentenciou.
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Escolha de prioridades
O levantamento da Acijs também aponta que, entre as indicações, melhorias em malha viária representam quase a metade, 489. Atender aos pedidos dos vereadores nesse setor teria custado R$ 169 milhões. O campeão de indicações foi Anderson Kassner, com 191, já Eugênio Juraszek foi autor dos pedidos que mais custariam aos cofres públicos, R$ 77 milhões. A solução não é proibir os vereadores de propor melhorias, mas convidá-los a identificar melhor as prioridades dentro da realidade orçamentária, dando assim mais peso às indicações.
Rito deve ser anunciado nesta sexta
A Comissão Processante da Câmara de Jaraguá do Sul que investiga denúncia contra o vereador Arlindo Rincos (PSD) deve anunciar nesta sexta-feira (14) qual será o cronograma de trabalho. Na coletiva em que anunciou a continuidade das investigações, o presidente da comissão, Marcelindo Gruner (PTB), disse que ainda não sabia se os depoimentos seriam abertos ou fechados. Mas não faz nenhum sentido vetar a participação da imprensa nos encontros. O processo, que pode acabar com a cassação do vereador, precisa ser conduzido com total transparência.
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Risco ao arroz
Renato Franzner, presidente da Urbano Agroindustrial, faz parte de uma comissão de empresários catarinenses formada para reivindicar, junto à Fazenda do Estado, atenção a uma política que pode prejudicar seriamente o setor. A cadeia produtiva perdeu o incentivo de crédito presumido que era oferecido até abril pelo governo do Estado. Esse crédito reduzia de 12% para 9% a alíquota de ICMS para vendas em outros estados no Sudeste e Sul, e de 7% para 4%, nas demais regiões. A medida já vem afetando seriamente a venda de arroz catarinense para outras regiões. Em Santa Catarina, são em média 8 mil famílias atuando no setor e 40 indústrias de beneficiamento, que geram 6,5 mil empregos diretos.
Maior giro econômico
O prefeito Antídio Lunelli (PMDB) participou de uma reunião nesta quinta-feira (13) com o diretor-presidente da WEG, Harry Schmelzer Jr., e com o diretor Wilson José Watzko para tratar da arrecadação dos tributos estaduais, que é reflexo do movimento econômico da cidade. O ICMS é o tributo que tem maior peso no orçamento do município e teve forte queda nos últimos anos. O objetivo do governo é incentivar as empresas a ter uma maior movimentação na cidade. Acompanharam o encontro o secretário de Administração, Argos Burgard; o secretário da Fazenda, Márcio Erdmann; o secretário de Saúde, Jonas Schmidt; e o fiscal tributarista Elio Ludvig.
Denúncia contra Gruner
Foi protocolada na Câmara de Jaraguá do Sul uma denúncia contra o vereador Marcelindo Gruner (PTB), que é servidor público, e contra o secretário de Agricultura, Daniel Peach. Segundo o documento, um servidor de carreira, indicado para o cargo comissionado de chefe de patrola por Gruner, teria atuado como motorista de van para levar uma equipe de taekwondo do município para uma competição em Londrina (PR).
Ainda segundo a denúncia, o servidor não teria habilitação necessária para conduzir este tipo de veículo e teria agido em disfunção, sendo supostamente beneficiado ao receber R$ 1.100 de diárias mais horas extras, por ordem de Marcelindo. Na acusação, Alerson Gonsalves pede que a Câmara investigue os fatos. Presidente da Casa, Pedro Garcia (PMDB), diz que vai avaliar a situação depois de conversar com o jurídico.
Marcelindo: ”Deixa a oposição espernear”
Minimizando o impacto da denúncia que aterrissou na Câmara nesta quinta (13), Marcelindo Gruner (PTB), que é o líder do governo na Câmara e presidente da Comissão Processante que investiga denúncia contra outro vereador, diz que tudo não passa de desespero da oposição com as investigações abertas contra Arlindo Rincos (PSD). “Deixa a oposição espernear. Isso não vai interferir nas investigações. O (Arlindo) Rincos trouxe uma defesa fajuta lá de Florianópolis e achou que a gente ia aceitar”, argumenta, negando ter ligação com qualquer irregularidade.