A interminável novela envolvendo Carlos Bolsonaro e sua candidatura ao Senado por Santa Catarina tem revelado cada vez mais capítulos, mostrando que nem mesmo a família Bolsonaro fala a mesma língua.
Isso porque Michelle Bolsonaro praticamente conseguiu convencer o ex-presidente a conduzir Carluxo para uma candidatura em São Paulo, em Roraima ou em outro estado.
O fato é que o PL e o campo conservador carecem de nomes em vários estados. Diferente de Santa Catarina, onde a chapa ao Senado já estava encaminhada: Carol De Toni (PL) e Esperidião Amin (União Progressista).
Mas Carlos insiste em disputar por SC. Não quer outro estado.
Complexidade
Esse movimento cria uma situação complicada para o governador Jorginho Mello, que lidera o projeto de reeleição.
Amin precisa permanecer — é a garantia da Federação União Progressista. Sobraría, portanto, para Carol De Toni, que poderia reagir e buscar outro partido na janela de março, como o Novo, que já lançou Gilson Marques.
Dupla
Se o Novo confirmar Gilson e ainda abrigar Carol, poderia haver dois candidatos pela sigla. E a coligação de Jorginho lançaria mais dois.
Ou seja: quatro nomes conservadores disputando duas vagas, com risco de pulverizar votos.
Não custa lembrar: em 2022, a centro-direita lançou cinco candidatos ao governo — e quem acabou indo ao segundo turno foi o petista Décio Lima.
Clima
O mal-estar é generalizado: no PL, entre partidos conservadores, no empresariado e até na opinião pública.
Santa Catarina é um estado-padrão, modelo político, econômico e social. Não pode ser tratada como palco para experiências importadas.
Série repetida
Se Carluxo insistir, seriam dois candidatos ao Senado goela-abaixo em apenas quatro anos: Jorge Seif em 2022 e agora Carlos Bolsonaro.
Seif se elegeu com 1,5 milhão de votos, mas, naquela eleição, Jair Bolsonaro era presidente e candidato à reeleição.
Em 2026, estará inelegível — e pode até estar preso.
Dúvidas
Resta saber como reagirá o eleitor catarinense.
E há ainda o aspecto jurídico: quem garante que a Justiça Eleitoral aceitará a transferência de domicílio de Carlos para São José?
O juiz local pode deferir, mas também pode rejeitar. Nesse caso, o processo iria ao TRE-SC e, em última instância, ao TSE.
Lá, dificilmente ele teria chances.
Sinuca de bico
Muita água ainda vai rolar.
O quadro é delicado para Jorginho Mello, que hoje tem apoios partidários importantes e várias opções para fechar sua chapa.
A eventual transferência de Carlos Bolsonaro, porém, pode criar uma sinuca de bico que complique o fechamento da majoritária em 2026.