Por: OCP News Jaraguá do Sul

04/03/2017 - 06:03

Até podemos negar, mas a verdade é que, lá fundo, todo mundo admite já ter recebido um presentinho de natal e pensou: “Sacanagem!”
Inclusive, há ocasiões onde o feitiço se volta para o feiticeiro. Lembro-me de ter presenteado um amigo com um desses presentinhos ordinários de aniversário (por volta de outubro) e receber o mesmo presente (da mesma pessoa), no Natal. Ele não comprou igual por tê-lo adorado. Guardou num canto qualquer e, num ardiloso esquecimento, acabou devolvendo-o à mesma pessoa.

Quando recebi, pensei: “Ué, será que ele já tinha me dado isso e eu devolvi e agora estou recebendo-o mais uma vez?”. Não seria impossível, afinal, muitos de nós (confessem) já deixamos aquele presentinho do O Boticário para dar a alguém numa situação de “emergência”. Aliás, tenho uma conhecida que adora ganhar coisas do O Boticário só para deixar guardado e não gastar com presentes alheios.

Mas, também há situações onde fazemos um julgamento injusto, menosprezando o presente e a atenção recebida e nos sentimos mal por isso. No meu caso, isso se deu com A Meia. Aliás, A Meia e o fato de eu tê-la menosprezado são o motivo de eu estar falando de presentes de Natal em março, depois do Carnaval.

Visita amigo aqui, parentes lá, leva uma lembrancinha daqui, outra acolá e, nessas idas e trocas, eis que abro um embrulho e me deparo com ela: A Meia. Minha reação foi aquele sorrisinho amarelo acompanhado de um “Não precisava”. Como resposta, veio aquele “Só uma lembrancinha”. Sim, isso não precisava dizer, mas quando eu disse que não precisava, não era por educação.

Era porque não precisava mesmo. Uma meia? Eu nunca havia ganhado uma meia. Sempre achei que esse era o tipo de presente que os netos davam aos avôs. Imediatamente, pus a meia no ranking dos presentes ruins que recebi. Dentre eles: Um sabonete Lux, que ganhei de amigo secreto, e um pote de Diet Shake. Estava a dita no Top 3.

Fiquei um pouco incomodado, pois havia caprichado no presente do amigo, tanto que resolvi pesquisar quanto ele tinha desembolsado pela meia: Cinquenta e quatro pila! Meu, dava pra comprar uma sacolada de meias na Havan. Esqueci e a deixei na gaveta até essa semana, quando resolvi usar a meia da discórdia.

Ao colocar a bichinha no pé, me senti correndo (ou flutuando) num campo florido, em câmera lenta, como acontece em filmes. Meu pé nunca sentiu algo parecido. Tanto que, no final do dia, na hora de mandá-la para a lavadora, pensei: “Será que não posso usar mais uma semaninha antes de lavar?” Mas, não deu. Agora ela está lá, no varal, e sempre que passo por ela dou um confere, para ver se já secou. Mais uma vez paguei pela minha língua grande.
Reconheci meu julgamento errôneo e liguei ao amigo.

Falei que tinha achado uma grande sacanagem, mas estava me desculpando por isso, que havia gostado muito do presente e que ele não precisava ter se incomodado e gastado tanto com aquela meia. Ele também foi sincero. Não sabia quanto havia custado. A meia tinha sido um presente que ele passou pra frente.