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A língua e os votos – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

21/03/2024 - 07:03

Todos nós estamos sempre em campanha, campanha para alguma coisa na vida… Estando em campanha, a questão é a fala, a chamada fala de improviso, que de improviso nada tem. Costumamos falar o que aprendemos e do que acreditamos, nossos valores de família, da infância, e dos nossos azedumes ou virtudes de hoje. No passado, diante de um debate programado por um canal de televisão, por exemplo, os candidatos se preparavam. O treino prévio consistia em o candidato sentar ao meio de um círculo formado por seus colaboradores e responder as perguntas por eles formuladas. As perguntas eram todas daquelas de arrepiar os cabelos. Perguntas de deixar o candidato assustado, perguntas que, mais das vezes, não seriam feitas durante o debate na televisão. Nas e se alguém fizesse uma daquelas perguntas? Era esse o motivo do treinamento, visava a que o candidato não fosse mais tarde pegado de surpresa por uma pergunta difícil. Era assim. Hoje não é mais, hoje os caras vão para um debate confiando em suas certezas e habilidades. A fala de improviso nada deve ter de improviso, ou falamos o que pensamos e corremos o risco de nos ferrar com essa fala ou a pensamos e treinamos antes. Vale para os casamentos. Quantas brigas e divórcios começam com uma frase “improvisada”, dita sem um prévio juízo de valor sobre ela? Aliás, não conheço brigas que não tenham começado pela fala de alguém sobre alguém. Frase mal pensada ou calculadamente pensada para ofender, magoar. Fala, se queres que te conheça! Tenho falado muito destas questões nos cursos de oratória que ministro desde 1986. Se não fosse abuso e até falta de ética, gostaria de citar alguns dos grandes nomes da nossa política que conheci de perto, nos cursos. Ah, outra coisa, as nossas falas precisam estar adequadas ao ambiente em que estamos, e isso já começa pelos cuidados com o vocabulário. Uma coisa é falar para um grupo “tido” por intelectual e outra bem diferente é falar para pessoas mais simples. O vocabulário e o modo de exemplificar o que falamos ou nos abrem portas ou nos deixam na calçada… Tudo pensando antes é o caminho para a fala nada improvisada e bem-sucedida.

POUCO

Muitos são felizes com pouco, são as pessoas com boa sensibilidade e juízo, de fato, coisa para bem poucos… É bem possível ter lindas experiências, ser feliz mesmo, com pouca coisa. Essa pouca coisa não é mais do que o de que precisamos na vida. Viver feliz com o que temos não significa acomodar-se, mas ter luz na cabeça para avaliar as liberdades e os motivos para uma gratidão à vida. A maioria é infeliz porque vive sobre o assento do mais e mais… Nunca vão ter esse mais e mais. Nunca.

CÂMERAS

Manchete que vem de São Paulo: – “Uso de câmera corporal pela polícia é aprovado por 88% dos paulistanos”. Ah, é? E por que não aprovam também ou não exigem que os bandidos andem com câmeras em suas camisas ou bonés? Na hora em que o bicho vai pegar os hipócritas eles correm para “chamar a polícia”, fora desses momentos ficam na hipocrisia. Aliás, muitos maridos e amantes deviam ter câmeras em suas testas, questão de segurança de muitas mulheres… Polícias não!

FALTA DIZER

O Brasil mudaria brilhantemente em poucos meses se as mulheres – maioria eleitoral – só votassem em mulheres. Escolhendo as melhores e dando a elas o voto, o Brasil seria um exemplo mundial, rapidamente. Depende delas.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.