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A gangorra da vida – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

21/09/2024 - 07:09

Sim, a vida é uma gangorra, uma gangorra que não para. Numa ponta dessa gangorra estão as crianças, lá embaixo. Na outra ponta, lá em cima, os idosos, os que já viveram muito. E no meio, no equilíbrio da gangorra, estão os de meia-idade. Mas, não esqueçamos, essa gangorra não para. Acabei de ler uma manchete catarinense e fiquei pensando: decidir-se na vida é a receita por uma vida com um pouco menos de frustrações. A manchete era esta: – “Rebeca Andrade impulsiona procura pela ginástica artística em SC”. Penso que os interessados são crianças, não vou imaginar um veterano querendo iniciar-se na ginástica artística dos Jogos Olímpicos, não vou. Quem cedo decide na vida por um trabalho, um sonho, um propósito, e não desiste até realizar-se nele, nunca vai parar por cansaço. Dois exemplos bem diante do meu nariz: Nathália Timberg, 95, e Fernanda Montenegro, 94. Ambas estão no palco, ativas, amam o que sempre fizeram e não se cansaram, ainda que estejam lá em cima na gangorra da vida. Fazem o que é típico dos apaixonados por seus trabalhos, aliás, nem são trabalhos, são missões na vida. É assim, quem faz o de que gosta não se cansa, vive, respira o ar da vida, único modo de chegarmos lá em cima na gangorra e não ver a vida concluída. Claro, que Fernanda e Nathália não fazem o que fazem por dinheiro, dinheiro elas já conseguiram muito antes na vida, fazem o que fazem agora por amor, por vida. E o pessoal em Santa Catarina que pensa em entrar na ginástica artística, cuidado. É um desafio extenuante, todavia, que não cansa nem leva a desesperos senão a muitos, muitos e muitos exercícios, ad-aeternum repetidos. Ah, e sem pretensões financeiras. É uma iniciativa que se inicia por encantamentos, por amor, jamais pensando no dinheiro. Aliás, esse não pensar no dinheiro é o caminho para a felicidade profissional, ainda que o dinheiro dessa felicidade faça parte. Não a parte mais importante, fique claro. Sem um propósito com permanente luz verde acesa, nenhum trabalho nos realiza e faz felizes. Só chegaremos lá em cima na gangorra da vida se estivermos com a cabeça plena de encantamentos por algum trabalho ou missão.

BEIJOS

Mandei beijos mentais para ela… Ouvi ontem, durante a minha caminhada diária, uma palestrante americana falando de um caso que ela teve há alguns anos. Início de namoro, ela e um sujeito que ela admirava, jantar num restaurante. Tudo acabou naquela noite, ela observou o desdém, o modo rude como o “quase” namorado dela tratava as pessoas que ele imaginava “subalternas”, menores que ele. Foi jantar e voltar para casa, página virada. É assim que se faz, o mal se corta pela raiz.

TARDE

Conversando com amigos, um deles contou do avô, um senhor de 94 anos. Contou que o avô estuda francês todos os dias, estuda por “nada”, para ele mesmo. E muitos familiares lhe aconselham: – “Vô, não perca tempo com esse estudo, vá curtir a vida de outro modo”! E o avô sempre responde: – “Muito tarde para parar”! Pô, esse avô é galo, adolescente na vida!

FALTA DIZER

Modos diferentes de dizer virtudes: – Devagar se vai ao longe/ De grão em grão a galinha enche o papo/ De tostão em tostão se chega ao milhão/ A pressa é inimiga da perfeição/ Não é aos saltos que se sobe uma montanha, mas a passos lentos… O que você pretende é coisa boa? Não pare, por nada.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.