A endometriose é uma doença que afeta o endométrio, camada interna do útero da mulher. Em um útero sadio, é neste local que o bebê se fixa para que a gestação ocorra naturalmente, entretanto, quando adoecido, esta região apresenta uma capacidade anormal de se grudar em outros locais fora do útero, como: o interior da barriga, a alça intestinal, a bexiga entre outros lugares.
A anomalia gera uma inflamação progressiva na bacia da mulher, também conhecida como ‘pelve’, além de congelar aos poucos o movimento natural do útero, engrossa a camada externa do ovário, dificultando o processo de ovulação, e, consequentemente, impedindo a gravidez.
Entre os principais sintomas da doença destacam-se os “6 ds da endometriose”:
Dismenorreia: dor durante a menstruação
Disúria: dor para fazer xixi
Disquesia: dor para evacuar
Dispareunia: dor durante a relação sexual
Dificuldade para engravidar
Dor Pélvica crônica
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, uma em cada dez mulheres no Brasil sofre da doença. No entanto, embora seja comum as mulheres apresentarem algum tipo de cólica durante a menstruação, as dores que diferem uma mulher com endometriose, para as que não tem a doença, é o nível da dor. As dores do período menstrual para quem tem endometriose torna as mulheres incapazes, por exemplo, de ir ao trabalho, desejando ficar em repouso absoluto, tamanho o desconforto que sentem neste período.
Os sintomas da doença se manifestam desde as primeiras menstruações, entretanto, ela se dá de maneira progressiva durante toda vida da mulher. Dentre outros fatores, essa características da doença afeta principalmente as mulheres que optam por engravidar mais tarde, opção bastante comum atualmente.
Conforme o tempo passa, seu agravamento na região do útero diminui as chances de gravidez pelo método natural, por vezes, este quadro possibilita apenas gestação por meio de reprodução assistida.
O atraso no diagnóstico da doença varia em torno de 5 a 11 anos, em trabalhos realizados, a média do atraso no diagnóstico da endometriose gira em torno de 7 anos, período que atrasa o tratamento e piora evolução, bem como o prognóstico da paciente.
Embora a suspeita clínica permita ao médico ter fortes indícios da doença, somente uma biópsia que consiste na retirada de um fragmento da região afetada permite o diagnóstico absoluto. Atualmente, este exame ainda é considerado bastante invasivo.
Por se tratar de uma doença onde a dor menstrual é bastante intensa, caso a mulher opte por fazer a cirurgia da dor da endometriose, o ideal é que a paciente faça uma reserva ovariana para uma fecundação futura. Essa indicação é feita porque durante a cirurgia, ao manipular os ovários, o peritônio e consequentemente o útero, a reserva ovariana cai significativamente, dificultando uma desejável gestação.
Outro caminho para o alívio dos sintomas, é o tratamento por meio de contraceptivos que bloqueiam a menstruação. Destaca-se também outras categorias de medicamentos não contraceptivos, os inibidores de aromatases e os antagonistas de gnRH. Eles são capazes de simular uma menopausa temporária no organismo, porém, são indicados para casos onde há maior complexidade pelos efeitos colaterais negativos, como: dores de cabeça, alteração de humor, perda de libido, secura vaginal, perda de massa muscular e perda de massa óssea.
Trabalhos científicos em que se acompanhou pacientes que fizeram o tratamento para controle da dor com letrozol e os antagonistas de gnRH, aponta que de 85% a 99% das mulheres que optaram por este recurso, apresentaram uma melhora importante na qualidade de vida, de dor severa para uma dor tolerável, em seis meses de tratamento.
Este meio constatou ainda que em alguns casos houve uma redução do volume do endometrioma, cisto provocado pela endometriose. Embora esses resultados não sejam a regra, a redução é um fator bastante positivo para quem sofre desta doença ginecológica.
Destaca-se que, embora uma mulher seja diagnosticada com endometriose, é possível engravidar por meio de uma reprodução assistida, desde que ela tenha uma assistência adequada e seu organismo se encontre dentro de alguns critérios a serem analisados por um profissional. Nestes casos, a condição para que a gravidez ocorra é que a mulher tenha um bom número de óvulos, e que eles estejam preservados e dentro de condições consideradas ideias para a gestação.