A preservação de uma casa centenária no bairro Amizade, em Jaraguá do Sul, é algo que merece enaltecimento. Além de ser um ato de cuidado arquitetônico, é um gesto de respeito à história e às raízes da colonização alemã que ajudou a moldar a identidade cultural da nossa cidade. Isso porque, em cada parede, janela, e demais detalhes construtivos, está gravada a narrativa de famílias que cruzaram oceanos, enfrentaram desafios e ajudaram a transformar a região em um polo econômico e cultural. Ao conservar este patrimônio, a comunidade mantém viva a memória material e, sobretudo, os valores como trabalho, união, disciplina e perseverança, que atravessam gerações.
Entretanto, iniciativas assim, quase sempre, dependem mais da boa vontade e do esforço individual ou familiar do que de políticas públicas estruturadas. No Brasil, a preservação do patrimônio histórico enfrenta um caminho marcado por burocracias excessivas, legislações pouco práticas e uma crônica falta de incentivo, tanto do poder público quanto da iniciativa privada. Enquanto em muitos países preservar é sinônimo de status, valorização turística e benefícios fiscais, por aqui o ônus quase sempre recai sobre o proprietário, que precisa lidar com altos custos, pouca orientação técnica e escassas linhas de apoio financeiro.
Essa realidade contribui para que inúmeras construções históricas sejam demolidas ou abandonadas, apagando camadas importantes da memória coletiva. Infelizmente, temos alguns casos evidentes em Jaraguá, em que o patrimônio apodrece ao tempo. A casa centenária do Amizade, portanto, contraria essa lógica, passando a ser um símbolo de resistência cultural em um país que, em geral, não cultiva o hábito de valorizar sua própria história. Que este exemplo inspire novas ações e desperte a consciência de que preservar o passado é investir no futuro.