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A cadeira é dele – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

26/04/2024 - 07:04

Li a manchete e fui buscar os óculos, será mesmo que estão falando disso? Santa Maria Gorette!, era pura verdade. E aí, pensei, outra vez, não há nada de novo abaixo do sol, o que é já foi e o que foi será. Volta e meia falo desse assunto, mas pelo que vejo ele é “eterno”. Qual o assunto? O lado sombrio do ser humano. Os gregos já nos tinham passado a mensagem sobre Eros e Tanatos. Eros, deus do amor e da vida; Tanatos, deus da destruição e da morte. Esses dois “sujeitos” vivem de plantão dentro de nós, a questão é saber que manda mais, quem mais assume o poder. Sem dúvida, Tanatos. Nossa tendência, nossa apreciação pelo que é ruim, pelo tétrico, pelo sofrimento é incontestável, basta que nos observemos ou escutemos os que nos estão por perto. Nossa conversa vem de uma pesquisa feita por duas universidades, uma de Munique outra de Nova Iorque, assunto antigo. Pesquisa sobre o que vende mais jornais, o que eleva a audiência das rádios e das tevês. Vou passar a manchete que acabo de ler, manchete tão velha quanto Adão no paraíso. A manchete diz que – “Palavras negativas nas manchetes de notícias aumentam a leitura”. Vale dizer, entre um nascimento e uma morte, a morte tem muitíssimo mais “apreciação” dos consumidores de notícias. Lembro-me do “Notícias Populares”, jornal paulista. De uma feita, fiquei sem ar com uma manchete do Notícias, comprei o jornal e corri para lê-lo. A manchete ocupava quase toda a capa: – “Pelé morde a mãe”. Claro que pensei que fosse o Pelé, o jogador. Não, não era. Era um cachorro de nome Pelé que mordera a mãe, uma cadelinha. A notícia era mentirosa? Não, não era, mas… Era. A manchete era uma jogada para vender o jornal. Pelé só havia um, o jogador. Se você começar a falar bem de uma pessoa, elogiá-la, citar seus valores, ética, crescimentos, enfim, alguém por perto vai mudar de assunto. Elogios constrangem, críticas incendeiam. Agora, fique claro, manchetes ruins não são invenções, são verdades, ninguém é irresponsável para fazer jornalismo com mentiras. Só que o povo quer mais e mais as notícias ruins, o que, aliás, não falta no Brasil, ô… Chega mais, Tanatos, pega a cadeira, ela é tua!

HORROR

As escolas escondem os casos, mas os ataques de bullying, as safadezas dentro e fora da sala de aula estão fora de controle neste Brasil do atoleiro moral. E ninguém bate na mesa, os pais não educam, as escolas não punem e a sociedade hipócrita critica este ou aquele enquanto a pessoa surrada não for seu filho ou filha. Canalhas da acomodação e da educação omissa! Regra absolutamente geral, comportadas as exceções, exceções que eu gostaria de conhecer.

DÍVIDAS

Cada vez mais brasileiros endividados, estar endividado não é ter contas atrasadas por quatro ou cinco dias, é não poder pagá-las. E ouço muito pessoas falando em educação financeira, mas será que o sujeito, ele ou ela, não sabe que o passo não pode ser maior que a perna? Será que não sabem distinguir entre querer e precisar? Acordar e controlar-se fazem bem!

FALTA DIZER

Por rigorosa falta de punição, cadeia de no mínimo 20 anos, multiplicam-se os casos conhecidos de câmeras escondidas em hotéis, banheiros e muitos outros lugares. Quem faz isso? Um canalha. Ele tem que ser identificado e punido para o resto da vida… Qual nada, ficam impunes! É Brasiiiilll! Pegar esses espiões e fazê-los passar pelo inesquecível, ô…

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.