Por Walter Janssen Neto
presidente da Rede OCP de Comunicação
O cenário político internacional vive uma mudança de maré. A ascensão de lideranças como Donald Trump, nos Estados Unidos, que acaba de voltar à Casa Branca com folgada vitória, reflete uma tendência global de deslocamento do pêndulo geopolítico em direção à centro-direita. Essa inclinação representa um afastamento do progressismo e do globalismo, adotados por grande parte dos países ocidentais nas últimas décadas, em favor de políticas de fortalecimento do liberalismo econômico, da identidade cultural, da liberdade e da soberania.
O movimento não ocorre isoladamente, mas se alinha ao cenário em que diversas sociedades buscam reavaliar prioridades, impulsionando questões como segurança, estabilidade econômica e integridade social. Os benefícios desse movimento para o centro-direita encontram-se em várias frentes.
Primeiramente, há uma tendência de fortalecer a segurança nacional. Líderes dessa orientação geralmente defendem políticas de imigração mais rígidas e o fortalecimento de instituições de segurança. Essa abordagem promete uma sociedade mais segura e protegida de ameaças externas, além de possibilitar uma gestão mais criteriosa da imigração, garantindo que ela ocorra de maneira ordenada e vantajosa para a economia e para a cultura local.
Outro ponto que ganha ênfase é o fortalecimento da economia interna, muitas vezes impulsionado por incentivos a indústrias locais e proteção contra a competição externa desleal. Em um cenário de recessão global, países que adotam políticas protecionistas têm a chance de fortalecer sua base econômica, proteger empregos e gerar crescimento sustentável, sem que essas medidas protecionistas gerem inflação para o consumidor final.
Trump, por exemplo, sempre foi um defensor da reindustrialização americana e do combate ao desemprego por meio do fortalecimento das empresas nacionais, que também gera benefícios indiretos, promovendo cadeias produtivas locais e garantindo mais autonomia. A volta de Trump significa uma relação mais cautelosa com organismos multilaterais, como a ONU, o FMI a OTAN, entre outros, colocando em primeiro lugar os interesses nacionais. Mais do que isso, significa, notadamente, um redirecionamento do pêndulo geopolítico para o centro direita e centro, mais conservadores, como vem se verificando na Europa principalmente.
É um sinal evidente para as eleições vindouras, incluindo o Brasil, diga-se de passagem. Retrata, outrossim, o desejo da maioria que sente a necessidade de resgatar valores que, em sua percepção, foram deixados de lado em nome de uma modernização social que trouxe, relativamente, mais divisões do que integração. Essa eleição indica, por fim, que os novos tempos pedem equilíbrio do progresso com preservação do que há de mais sólido e duradouro na identidade de cada nação.