Cada região desse imenso país Brasil guarda particularidades e, ainda, alguns segredos. Todo brasileiro sabe que no Rio Grande do Sul a vida é diferente. Para começo de conversa, faz frio. O churrasco é cultivado com fanatismo. O futebol tem pegada própria. E se toma mate. A toda hora. Nada parece ser tão arraigado á alma dos gaúchos quanto a erva-mate.
Faz chuva na praia do litoral gaúcho. Um dia inteiro de chuva depois de uns dias de céu muito azul. E a previsão de chuva persiste para os próximos dias. A beira mar, por um longo trecho, tendas usadas numa feira de fim de semana. Se protegendo da chuva, todas essas tendas estavam apinhadas de gaúchos animados.
Eram famílias em maioria. Enquanto observam o mar, a chuva, chamam atenção das crianças, todos os gaúchos comungam o mesmo hábito. Reabastecida com água quente, a cuia vai passando de mão em mão entre membros do mesmo grupo, em um ciclo que se renova repetidas vezes. “O mate é bem mais intimo que o café. Como a cuia é compartilhada, o mate aproxima as pessoas, cria laços”, explica um amigo gaúcho. “O mate aconchega. É um ritual de confiança”, complementa. A bebida é um costume democrático abertos a ricos, pobres, homens, mulheres, jovens e velhos. É um hábito que cativa anônimos e famosos. Gosto do perfume que emana a cuia. A cuia é o fruto do porongo depois de seco e aberto.
Cultuada também no Uruguai, – todo uruguaio que se encontra caminhando, caminha com uma térmica debaixo do braço e uma cuia na mão, na Argentina, onde inventaram um jeito de tomar mate em público, os chamados bares de mate. Símbolo argentino, o revolucionário Ernesto Che Guevara fez questão de ser fotografado inúmeras vezes com mate e bombilla, entre as mãos. Bombilla é nome que os argentinos dão para a cuia. Os gaúchos dizem: “apenas não colocaram o mate na mamadeira dos bebês. Mas isso, provavelmente, é questão de tempo”.