“Reconhecimento facial à chinesa, quando se tem tecnologia nacional?”

Foto Divulgação / Site Pixabay.

Por: Pedro Leal

19/01/2019 - 05:01

A visita de alguns parlamentares e da equipe de governo à China mostra interesse da comitiva em buscar alternativas de solução para os graves problemas da segurança pública aqui no Brasil. A equipe  foi convidada da empresa Huawei a conhecerem como funciona a biometria facial no país.

Enquanto na China e outros países asiáticos em que as características faciais seguem padrões bem definidos, a diversidade de características das faces dos brasileiros, em decorrência da vasta miscigenação de raças observada em nosso país, faz com que o Brasil se torne um desafio para qualquer software de reconhecimento facial do mundo.

Isso porque problemas conhecidos com algoritmos de aprendizado exigem cuidado redobrado, devido ao uso de reconhecimento de padrões, e não de elementos, no processamento das chamadas redes neurais.

A viagem deixa transparecer um certo desconhecimento da tecnologia de reconhecimento facial já existente em nosso país e suas diversas aplicações.

O país tem um longo histórico de importar tecnologias que já tem, em nome de acordos diplomáticos, de medidas vistosas e até de puro desconhecimento.

O Brasil já conta com tecnologia desenvolvida ou comprada por empresas nacionais para identificar rostos em meio à multidões, com serviços do tipo sendo prestados para instituições financeiras, locadoras de veículos, lojas e hotéis.

Um exemplo de como padrões podem dar falsos positivos em algoritmos é o API da Microsoft Azure. “Treinado” para reconhecer imagens de ovelhas, o sistema identifica ovelhas em imagens que seguem o mesmo padrão das fotos de campos com ovelhas.

Para a rede, “ovelhas” descreve imagens de campos com objetos brancos, mesmo que estes objetos sejam pedras, placas ou aves. E pior: a rede reconhece ovelhas como cães caso estejam dentro de casas – pois animais dentro de casa são cães para o sistema.

Por conta destas dificuldades – que podem se tornar mais graves conforme os algoritmos se deparam com vieses de confirmação em bancos de dados – o CredDefense, software da empresa brasileira de tecnologia da informação BGI, faz uso simultâneo de softwares desenvolvidos na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos para identificar com elevado grau de assertividade a face de uma pessoa em meio a milhões de outras faces.

A empresa é reconhecida como a principal “player” do mercado nacional na criação e implantação de soluções ancoradas em biometria facial. Hoje estão sediados em três cidades.

São Paulo, Bebedouro (SP) e Florianópolis. É aqui em Santa Catarina que é feito todo o trabalho de pesquisa e inovação, dentro do Centro de Inovação Acat (Associação Catarinense de Tecnologia).

Pauta comercial com a China

Além de discutir tecnologia de reconhecimento facial que o país já desenvolve, o embaixador da China, Yang Wanming, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, conversaram sobre possibilidades de diversificação da pauta comercial entre os dois países.

De acordo com negociadores, Guedes disse que pretende fechar mais parcerias bilaterais, principalmente na área de tecnologia, com o principal destino das mercadorias brasileiras.

O mercado chinês representa o local de origem de 29% das importações de Jaraguá do Sul e o destino de 16,1% das exportações de Santa Catarina.

Plano de demissão

A Eletrobras divulgou um comunicado aos acionistas e ao mercado informando que vai abrir, na segunda-feira (21), o Plano de Demissão Consensual (PDC) de 2019.

A meta é o desligamento de 2.187 funcionários, com uma economia estimada em R$ 574 milhões ao ano.

O custo das demissões foi calculado em cerca de R$ 731 milhões. As adesões voluntárias ao PDC ocorrerão por um período de 30 dias.

 

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