Expressão política do empresariado é legítima

Por: Pedro Leal

07/03/2018 - 15:03 - Atualizada em: 14/05/2018 - 15:20

Liderado por representantes da classe empresarial, o Movimento Brasil 200 será lançado em Jaraguá do Sul hoje à noite, na plenária semanal da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs).  Em meio ás repercussões do movimento político, há um burburinho de que o empresariado “deveria ficar fora da política” e que política e mercado “deveriam estar separados”.

Tal posição, no entanto, ignora as complexas relações entre o Estado e o Mercado, e acaba por negar voz a um grupo sócio-econômico que, como todos os outros, tem seus interesses e suas pautas a defender. Estas pautas por vezes vão contra os interesses de outros setores da sociedade, em um cabo de guerra que é natural. Quer ideológico, econômico ou estratégico, o jogo de interesses é uma parte natural e saudável da política – quando feito de forma limpa.

É importante lembrar que, por bem ou por mal, mercado e política influenciam um ao outro. Estamos todos familiarizados com a influência da corrupção na política, mas as influências mútuas não são necessariamente ilegítimas.

Como qualquer outro grupo, empresas exercem sua influência sobre o poder público, visando seus próprios interesses e o que julgam ser melhor par ao país. Por sua vez, o desempenho das empresas traz resultados para a geração de empregos e a arrecadação tributária – componentes essenciais para o avanço do país.

Decisões políticas trazem reflexos no mercado. Barreiras tarifárias, normativas, legislação, programas de fomento, tributação: tudo isso afeta o mercado, como demonstrado de forma clara na última semana, com o baque sofrido pelo setor metalúrgico ante as barreiras de mercado anunciadas por Donald Trump – ou as flutuações de mercado com as incertezas da eleição e da reforma da Previdência.

Goste ou não, concorde ou não com suas pautas e seus interesses, o Movimento Brasil 200 é uma expressão legítima da política – assim como são movimentos de outras classes sociais.

Panorama nacional

Começa mais uma fase da Carne Fraca

Na manhã desta segunda-feira (5), a Polícia Federal deu início a mais uma etapa da operação Carne Fraca, com o início da Operação Trapaça. Estão sendo cumpridas 91 ordens judiciais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo. São 11 mandados de prisão temporária, 27 de condução coercitiva e 53 de busca e apreensão, no tangente a fraudes laboratoriais quanto a presença da bactéria Salmonella spp.

A primeira fase da operação revelou a atuação de um esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura para burlar a fiscalização. Como resultado das operações, as ações das empresas JBS e BRF caíram 10,59% e 7,25%, respectivamente. Em Jaraguá do sul, a filial do frigorífico Peccin foi fechada na primeira fase da operação.

A segunda fase já demonstrou reflexos no mercado, com queda de 12% nas ações da BRF e 3,4% nas da JBS. O ex-presidente-executivo da BRF, Pedro de Andrade Faria, foi preso. Em fevereiro, a empresa declarou ter tido um prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2017.

O mercado ilegal custou R$ 146 bilhões ao país em 2017, segundo dados levantados pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). O total é a soma dos prejuízos registrados pelas empresas brasileiras e a estimativa de evasão fiscal do mercado clandestino. O resultado foi 12% maior do que em 2016, quando o prejuízo foi de R$ 130 bilhões. O setor mais afetado pela irregularidade é o tabagista:  produtos ilegais são responsáveis por 48% do mercado de cigarros no país.

Enquanto o mercado irregular cresce, o Governo Federal faz cortes no monitoramento das fronteiras: de 2016 para 2017, os investimentos no Sistema Interligado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), programa de monitoramento das forças armadas iniciado em 2013, caíram 54%.

Em 2016, o programa recebeu investimentos na ordem de R$ 285,7 milhões. Ano passado, o montante caiu para R$ 132,4 milhões.  Inicialmente, previa-se que o programa cobrisse toda a fronteira em 2022 – mas segundo o Ministério da Defesa, com o atual orçamento, isso só deve acontecer em 2035. O custo total do programa seria R$ 11,9 bilhões  e por ora abrange apenas 4% da fronteira.

O mercado financeiro reduziu pela quinta semana seguida a estimativa para a inflação este ano. A expectativa de bancos e outras instituições para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 3,73% para 3,70%, de acordo com o boletim Focus, publicação semanal do Banco Central (BC) sobre os principais indicadores econômicos.

Cartas da Receita são golpe, alerta órgão

Cartas que pedem atualização de dados bancários junto à Receita Federal são falsas, alerta o próprio órgão. Em nota divulgada nesta segunda-feira (5), a Receita diz que contribuintes têm recebido cartas por via postal, na própria residência, intimando-os a regularizar os dados cadastrais. Nessa correspondência, há um endereço eletrônico para acesso e atualização dos dados.

O Brasil passou de zumbi a morto-vivo, segundo o jornal britânico Financial Times. Segundo o veículo, o próximo governo terá de atuar para corrigir “terríveis distorções” na economia, ressaltando que há pouco o que comemorar no primeiro ano de crescimento da economia desde 2015.

Na avaliação do jornal, o crescimento do PIB previsto para os próximos dois anos é “uma recuperação dos mortos para uma economia que está saindo de sua pior recessão na história”.