A Maturidade e a Nova Carta

Por: Paulo Ottaran

14/11/2019 - 18:11 - Atualizada em: 14/11/2019 - 18:33

O que é maturidade?!

É a idade da pessoa que alcançou sua plenitude vital sem necessariamente, ter chegado à velhice. Estudiosos do mundo da psicologia conceituam que atingir uma certa idade não implica necessariamente, em ter chegado à maturidade emocional.

Seres maduros são providos de coragem, determinação – e podem até ser jovens, para fazer isso; basta não ter medo de enfrentar e de fazer. O que diferencia um homem maduro de um jovem pronto é exatamente a dimensão que cada um deles dá a coragem que tem e a percepção dos fatos à sua volta. Teoricamente o maduro, o experimentado, o que tem mais estrada, deveria ter melhor leitura dos fatos. Mas se não tiver coragem de olhar e mexer, mudar, alterar, melhorar, de nada adianta a visão que venha a ter.

O que diferencia os presidentes da Câmara e do Senado está exatamente neste ponto. Davi Alcolumbre não teve medo de enfrentar Renan Calheiros – um dos maiores caciques do Congresso, casca grossa e rodeado por sectos de interesses comuns; a ponto de Renan admitir a bravura e dizer que o Davi, estava vencendo o Golias – e entregue os pontos na disputa. Para presidir a Câmara Rodrigo Maia não enfrentou ninguém, entrou no vácuo e substituiu Eduardo Cunha que abatido por todas as encrencas que havia provocado, caiu do posto e na eleição disputada, a posterior, foi fácil Maia ascender ao cargo. Lembram que que se emocionou, lembrou e enalteceu o pai Cesar Maia, chorou e foi aplaudido pomposamente pelos seus pares. Compare com a vitória do Alcolumbre – celebrada com aplauso, mas estampada num sorriso.

O presidente do Senado entende que a Carta Constituinte precisa ser revista. Por conta disso, acaba de mexer num vespeiro – além de tocar no ponto frágil de muita gente graúda do Congresso. Os corruptos confessos e devassos extremos dos cofres públicos, que ainda não caíram serão contrários – e farão campanha até. Porque somente estão nos cargos que ocupam por conta do “foro privilegiado dos poderes” que é um dos muitos guarda-chuvas da Constituição do Doutor Ulysses. Quem a escreveu em 1988, sabia disso – sabia que um dia a carta protegeria alguém.

Rodrigo Maia já disse que não concorda alegando que nossa Carta Constituinte tem apenas 31 anos e é jovem. Como se um jovem com essa idade fosse absoluto, dono de si, perfeito, que não erra – aliás errar faz parte da juventude.

Davi Alcolumbre quer mexer onde precisa ser mexido e quem sabe corrigir distorções – e com a coragem necessária. Uma boa discussão para depois do feriado da República – quem sabe não está aí o verdadeiro recomeçar de tudo reavaliando poderes e mitos. Quem sabe até, a possibilidade de iniciar um novo ciclo.