“O comportamento infantil com a educação financeira pode influenciar na vida adulta ao lidar com dinheiro”

Foto Tozali Online

Por: Ana Kamila

09/11/2017 - 05:11 - Atualizada em: 24/10/2019 - 10:59

O que acontece hoje na vida de uma pessoa, não reflete apenas o comportamento presente ou os objetivos que ela busca alcançar no futuro. A história dela e os acontecimentos vividos na infância são fatores de grande importância para a construção de suas atitudes.

Conforme as experiências, aprendizados da criança e as referências de adultos que ela teve em seu crescimento, ela terá mais facilidade ou não para construir sua personalidade.

Quando falamos de educação financeira, a relação é ainda mais direta com as experiências. Pais que suprem sua ausência com presentes, por exemplo, não vão conseguir transmitir a esta criança a importância de trabalhar para conquistar algo.

O que é educação financeira

Educação financeira significa apenas economizar? A palavra finanças vem do latim (finântia) e significa “definição amigável de uma situação”. Economia do grego (oikonomus) e significa “administração, lei da casa”.

Compreendendo estas duas palavras, podemos resumir que finanças é uma forma de negociar não apenas dinheiro, mas habilidade de negociar amigavelmente. Com o passar dos anos, o dinheiro tornou-se uma troca de forma justa para ambos os lados.

Economia não é apenas guardar ou deixar de gastar. É administrar a moeda de troca para continuar realizando suas negociações amigavelmente. Assim, o que temos de transmitir para as crianças não é apenas o valor da cédula ou o montante que ela soma, mas também a importância de administrar.

O dinheiro é só um meio para facilitar a troca, assim como o celular é um meio de comunicação, o carro de transporte e a internet de buscar informação.

Quando iniciar a educação financeira?

Não há uma idade certa. Pode iniciar este processo a partir do momento em que a criança entenda o significado do dinheiro e consiga mensurar os valores, o que ocorre geralmente após os 5 anos de idade.

A mesada é uma das alternativas para ensinar as crianças a administrar o próprio dinheiro, mas não é a única!

A mesada pode ser administrada de forma correlacionada com as responsabilidades da criança. De acordo com cada idade vai se atribuindo responsabilidades de casa e da escola, onde se cumpridas resultam no recebimento da mesada.

É assim que funciona na fase adulta: trabalhamos e somos remunerados, certo? Portanto, delegue as tarefas em conjunto com a criança para que ela entenda a contribuição dela na casa.

Uma boa ideia é fazer um quadro com check nas tarefas realizadas e um “X” nas que não foram cumpridas. O recebimento será proporcional ao realizado. Isso é meritocracia. É a consequência dos méritos individuais de cada pessoa; ou seja, dos seus esforços e dedicações.

Você já estará preparando seu filho para o mercado de trabalho. É um grande preparo para o futuro. Outro fator importante é não realizar remunerações extras, ou seja, a criança não teve mesada na semana por não cumprir as tarefas ou até mesmo porque gastou tudo em um dia, então, não poderá receber valor adicional.

Não existe “mágica” para aparecer dinheiro. Se for assim, quando adulto não terá limites e quando gastar demais irá esperar a mágica acontecer novamente.

Outras maneiras de praticar a educação financeira

Identificação de coisas necessárias e supérfluas

Quantos carrinhos ou bonecas são necessários? Programe-se para presentes em datas comemorativas e mostre para a criança que ela não precisa de todos os brinquedos que vê na televisão.

Cuidando na economia da casa

Os recursos são finitos e se não cuidarmos teremos que comprar novos, o que reduz o dinheiro para compra de outras coisas. Por exemplo: brinquedos jogados pela casa alguém pode pisar e quebrar, não é?

Quebrando terá que comprar outro e deixará de ter dinheiro para comprar alguma outra coisa. A criança vai entender que a manutenção do que se tem e o zelo também é economia.

Participando das compras da casa

Faça a lista do mercado com a criança. Certamente ela não entenderá o custo total, mas vai estar ciente da quantidade de tarefas e coisas que precisamos comprar para manter a casa.

Dinheiro não dá em árvore, mas devemos cultivá-lo igual a uma plantinha.

Pegamos a semente (nossas tarefas), plantamos (trabalhamos), colhemos os frutos (remuneração) e continuamos a cultivá-la para continuar dando frutos.

Paciência e persistência

Fazer isso tudo não é fácil, exige tempo e paciência de explicar todos os “porquês” para estes pequenos.

Porém, desta forma, você estará preparando seu filho para um futuro com estabilidade financeira, porque ele irá entender porque está guardando e terá mais determinação na administração de seus recursos.

Assim, ele não será um poupador num mecanismo de moeda de cofrinhos, que muitas vezes não tem objetivo e nem sabe o porque está guardando.

Dê oportunidade para a criança de viver esta experiência e entender seus pequenos erros na infância. Quando adultos já serão experientes para “plantar” seu dinheiro!

 

 Por Ludmila Marques