“Vamos esperar o momento certo”

Por: Elissandro Sutil

15/07/2016 - 04:07

Faltando 20 dias para o fim do prazo para as convenções que vão escolher os candidatos às eleições de outubro, o presidente do PP, Ademir Izidoro, faz pela primeira vez um balanço completo dos erros e acertos do governo de Dieter Janssen, também fala sobre as composições das alianças, admite que o PMDB e o PSDB são os parceiros prioritários e diz que Dieter é pré-candidato natural à reeleição. Crise econômica, queda na arrecadação, polêmicas com os servidores e a não construção a UPA, Izidoro não fugiu de nenhuma pergunta na entrevista a seguir e rebateu as críticas de que o PP de Jaraguá do Sul seria um partido sem engajamento.

2015_07_08 - SAMAE - Ademir Izidoro - Piero Ragazzi (44)

Izidoro diz que cortes de benefícios aos servidores foram remédio amargo,
mas necessário diante da crise econômica 

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Faltando três meses para as eleições, o cenário ainda é incerto. Há muitas dúvidas sobre quem será candidato e uma das perguntas que mais se repete é se Dieter Janssen vai mesmo à reeleição. Como presidente do PP, qual a sua resposta?

Como presidente do PP eu digo que nosso prefeito é o candidato natural à reeleição, que o PP de Jaraguá o apoia, no entanto, temos que aguardar as conversas com os demais partidos para uma resposta definitiva.

Por que Dieter e o próprio PP ainda parecem ter dúvidas?

Não é uma questão de ter dúvidas, mas de esperar o momento certo para fazer o anúncio, aguardar o fim das conversas de composição como disse e, aí sim, levar ao conhecimento de todos a definição.

O desgaste dos políticos, todos os escândalos da Operação Lava-Jato, como isso tudo afeta quem vai buscar a reeleição?

Afeta porque as pessoas estão descrentes com a política de modo geral, portanto, é necessário um esforço maior para provar que a gestão do prefeito Dieter tem uma conduta diferente, pautada no respeito pelo dinheiro público, transparência e ética. A operação Lava Jato veio justamente para isso, separar os bons dos maus, e agora é a hora de passar o Brasil a limpo.

Com o PMDB tendo candidato próprio, quem seria o parceiro ideal para o PP?

Esperamos que seja o próprio PMDB juntamente com o PSDB, mas estamos ainda conversando.

Há quem diga que o problema é que o PP não tem engajamento para fazer uma campanha. Essa é mesmo uma fragilidade?

Se o PP não tivesse engajamento para fazer uma campanha, o Dieter não teria sido eleito em 2012, bem como o deputado federal Esperidião Amin não teria feito quase 12 mil votos em Jaraguá do Sul na última eleição. Então o PP de Jaraguá tem sim peso político, fizemos história aqui e em Santa Catarina, é só você ver a composição que poderá surgir no Estado em 2018.

Quando Dieter assumiu, uma de suas propostas era de aumentar a capacidade de investimento de 3% para 12%. O que saiu errado?

Quando se faz uma proposta de plano de governo é levado em conta o cenário econômico e político do momento, investimentos. Pensando sempre em propostas que visam metas para atender melhor as necessidades da população. Porém, esse cenário mudou e tivemos uma forte redução na arrecadação, bem como nos recursos estaduais e federais disponíveis. Com esta queda da arrecadação somada às despesas fixas que comprometem boa parte da receita, não obtivemos os recursos necessários para atingir o percentual planejado. Demos prioridade à sanidade das contas, repensamos investimentos, arrumamos soluções para que não ficasse ainda pior. Quando se tem dinheiro é fácil, na falta dele, prevalece a honestidade e a criatividade.

E as polêmicas envolvendo os servidores públicos. Dieter cortou as Funções Gratificadas, tentou acabar com fundo de garantia dos servidores temporários e nesse ano enfrentou um princípio de greve quando anunciou que não havia caixa para reajustes. Em algumas questões, não faltou uma visão mais política do prefeito, do próprio partido?

É sem dúvida um remédio amargo, mas necessário. Basta ligar a televisão todo dia e verificar como a situação econômica vem afetando estados e municípios, salários parcelados, atrasados. Em Jaraguá a crise também tem reflexos, prova disso que algumas empresas privadas do município reduziram pessoal, carga horária e salários. Diante deste cenário o prefeito teve coragem e determinação para tomar decisões difíceis, decisões de gestão, deixando de lado a politicagem eleitoreira, mas que foram necessárias para equilibrar as contas da Prefeitura e para proteger os próprios servidores, que são munícipes assim como os outros. Isto demonstra de forma clara que a visão política dele é de priorizar uma boa gestão pública, com responsabilidade para o bem de todos.

Quais outras dificuldades o governo vem enfrentando nestes anos?

Além da significativa queda da arrecadação prevista, foram 46 milhões a menos em 2015 e até agora 15 milhões a menos em 2016, e dos repasses dos governos federal e estadual não efetivados, mais de 45 milhões; a atual gestão teve que renegociar encargos devidos ao Instituto de Seguridade do Servidos Municipal (Issem) por gestões passadas no valor de aproximadamente 12 milhões de reais, além de dívidas de financiamentos e contrapartidas no valor de 30 milhões e precatórios no valor de 10 milhões, também adquiridas em gestões anteriores. Como falei, tivemos que estabelecer prioridades e manter a decência.

Alguns adversários criticam Dieter por ter aumentado tanto os investimentos em Saúde, deixando pouca margem para outros setores. Ao mesmo tempo, o governo parece que não consegue utilizar isso como marketing positivo. Exemplo: na gestão de Dieter as consultas passaram a ser agendadas por telefone, os médicos passaram a bater cartão e cumprir horário, os Pamas passaram a abrir aos fins de semana, mas nada disso parece ser bem utilizado.
O melhor marketing destas ações é o impacto que elas geram na qualidade de vida dos jaraguaenses, uma vez que a saúde é prioridade. Os milhares de jaraguaenses que antes acordavam de madrugada para pegar uma senha de atendimento no posto de saúde e que hoje são atendidos com horário marcado, sabem muito bem do que estou falando e este é nosso maior reconhecimento. Administrar para as pessoas é assim.

Na campanha, Dieter prometia fazer três Upas, mas nenhuma saiu do papel, por quê?

O planejamento inicial previa três UPAs de pequeno porte, porém, optou-se por uma única UPA de porte maior devido a questões de infraestrutura e operação. O terreno foi comprado e a obra contratada, mas como a empresa não cumpriu suas obrigações contratuais, a Prefeitura foi obrigada a instaurar um processo administrativo que está em andamento. Durante este período também houve uma tentativa de negociação do prefeito com o Ministério da Saúde para garantir recursos para plena operação da UPA, uma vez que existe uma dificuldade dos municípios em manter o funcionamento destas unidades, inclusive vários municípios estão com a obra pronta e não inauguraram, pois não têm recurso para equipar e operar. Como falei antes, temos que ser responsáveis.

Apesar da crise econômica e da arrecadação em queda, a Ponte do Rau e agora o começo da Via Verde sinalizam a capacidade de Dieter de dialogar, ir atrás dos recursos. O senhor diria que esses são alguns dos pontos fortes do pré-candidato do PP?

Com certeza. E além destas obras citadas, podemos acrescentar muitas outras como a revitalização do Arthur Muller, cerca de 100 ruas asfaltadas, regularização de 120 km de calçadas, várias ações e obras realizadas na saúde e educação, como o aumento de 1300 (20,55%) vagas nas creches, a finalização de uma estação de tratamento de esgoto que aumentará o índice para 80%, a execução de uma nova estação de tratamento de água que garantirá o abastecimento no município por pelo menos 25 anos, entre outras obras importantes. Temos muitos avanços para mostrar.

O único processo que Dieter perdeu – e nessa semana reverteu a decisão no TJ- foi por ter nomeado a vereadora Natália Petry para Assistência Social. O cuidado redobrado com as leis não foi de alguma maneira impeditivo para o governo realizar mais?

As leis em si podem gerar impedimentos sim, mas o cuidado e o devido cumprimento das mesmas é obrigação do prefeito e de todo o cidadão, assim construímos uma sociedade melhor e mais justa, o Brasil que tanto a gente diz querer, sem jeitinho. E até mesmo desse processo, o prefeito acabou absolvido pelo Tribunal de Justiça. A sociedade quer políticos ficha limpa.

Me dê algumas razões pelas quais acredita que Dieter deva ser reeleito?

Honestidade, transparência, moralidade, realização, gestão, comprometimento e cumprimento com as obrigações legais, mesmo diante de um cenário político e econômico difícil e conturbado. O Dieter é um político e um homem diferenciado.

Quanto ao PP, como deve ser a nominata de vereadores. O partido se estruturou estando no governo?
Temos uma nominata estruturada pelo partido e não pelo governo. Isso é um movimento político eleitoral, e não de gestão pública.

E o que Jaraguá pode esperar do futuro?

A administração já fez a parte mais difícil em equilibrar as contas para recuperar sua capacidade de investimento, temos muitos projetos encaminhados já em fase de aprovação. Além disso, participei na ACIJS da palestra sobre previsões econômicas com a economista do Bradesco Ellen Steter que sinalizou um cenário econômico e político mais favorável, o que nos deixa otimistas com relação a um crescimento ainda maior para Jaraguá, que segundo a Secretaria de Estado da Fazenda já é a terceira cidade com o maior índice de desenvolvimento de Santa Catarina.