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O que levou Dieter a ficar fora da disputa eleitoral?

Por: Elissandro Sutil

30/07/2016 - 04:07

Com o prefeito Dieter Janssen (PP) oficialmente fora da disputa eleitoral, há que se dizer que ele realmente representou o novo que prometeu na campanha em 2012 em diversos aspectos. Para começar é difícil de imaginar um político no exercício de mandato tão acessível quanto Dieter. Os repórteres que cobrem política sabem bem disso, é mais fácil falar com o prefeito do que com qualquer secretário ou vereador. Dieter atende o celular e respeita o trabalho da imprensa.

O seu governo deu início a mudanças importantes para o futuro de Jaraguá do Sul. Políticas que merecem ter continuidade. A priorização do saneamento básico, com uma nova visão sobre o lixo, a reciclagem e a compostagem. A sustentabilidade teve vez e voz. Não por acaso uma das principais heranças do seu governo é a nova estação de tratamento de esgoto, um investimento de mais de R$ 30 milhões, que deixa o município com a capacidade de tratar mais de 80% quando a média de Santa Catarina não chega a 30%.

Na infraestrutura os destaques foram a entrega da maior ponte da cidade, a do Rau, que custou mais de R$ 15 milhões, e a Via Verde, que já está em construção e é uma das demandas antigas do setor. Por outro lado, a crise econômica foi o grande empecilho para que mais obras fossem tiradas do papel. Além disso, uma das queixas mais comuns vem dos moradores do interior e de ruas não pavimentadas que gostariam de ver mais máquinas trabalhando. Sem recursos, não há milagres.

Na figura de prefeito, Dieter chamou atenção, ganhou páginas na imprensa estadual, por ir de ônibus trabalhar alguns dias de semana, comportamento que manteve até o fim, utilizar a ciclovia e um carro popular. Simplicidade nos gestos que nada lembram as raposas da política que tanto gostam de mordomias e privilégios. Como um homem moderno, um pai que seguidamente é visto com as filhas na garupa da bike, ele insistiu que as famílias precisam de mais lazer. Entregou a reforma do Arthur Müller, iniciou projeto para fazer da área externa da Arena outro ponto de encontro para diversão, além das reformas dos parques espalhados pelos bairros e deu início ao projeto de construir o primeiro grande parque público da cidade, na Ilha da Figueira. Por defender que em tempos de crise cada um deve fazer a sua parte, desde o ano passado, repassa 20% do salário para o Fundo Municipal da Saúde. Setor, aliás, que recebeu a maior atenção do seu governo.

Dieter também imprimiu um novo modo de fazer política entre os políticos. Cumpriu acordos à risca, não cedeu a chantagens e nem partiu para brigas e bate-bocas. Reside aí, dizem alguns adversários, um dos seus erros. O povo pode ter sentido falta do ‘circo’, me disse uma vez uma fonte próxima ao prefeito. Mas Dieter prefere ser fiel aos seus princípios. Por isso, defendendo a austeridade, tomou medidas necessárias, porém, que lhe causaram desgaste, como o corte de gratificações e insalubridade dos servidores públicos, um contingente importante do eleitorado.

Mas e se Dieter tão bem representa a nova classe política que Jaraguá do Sul mostrou que quer com milhares de pessoas saindo às ruas nos protestos do ano passado, por que ele está fora da disputa eleitoral? Talvez porque o prefeito, justamente como representante desta nova classe política, não é um obstinado pelo poder. Talvez também porque o eleitor, tão acostumado com as notícias sobre a má conduta de alguns políticos, tenha dificuldade para identificar quando surge um diferente.

Quem acompanha a trajetória política de Dieter também logo vê que ele não entra em dividida para perder. Mas saindo do contexto local e ampliando o olhar, a decisão dele de não ir à reeleição é a mesma da grande maioria dos prefeitos que poderiam buscar a renovação do mandato nas urnas. Na região, nem Lauro Fröhlich (PSD) e nem Osvaldo Jurck (PSDB) vão arriscar a sorte. Na capital do Estado, Cesar Souza (PSD), está fora da disputa. A estimativa é que apenas um terço dos que podem tentar renovar o mandato realmente se arrisquem. A crise econômica nacional foi sem dúvida a grande carrasca da maioria dos prefeitos. Mas deixando uma boa marca, de austeridade e seriedade, Dieter é um político jovem, de ideias inovadoras, que ainda tem muito a contribuir. Nada como o passar dos dias para o julgamento final.

Os pontos-chave
1. Tomou medidas necessárias, porém, que lhe causaram desgaste, como o corte de gratificações e insalubridade dos servidores, um contingente importante do eleitorado.

2. Talvez também o eleitor, tão acostumado com as notícias sobre a má conduta de alguns políticos, tenha dificuldade para identificar quando surge um representante diferente.

3. A estimativa é que apenas um terço dos que podem tentar renovar o mandato realmente se arrisquem. A crise econômica nacional foi sem dúvida a grande carrasca dos prefeitos.

eleicoes 2016• Segundo o major Aires Volnei Pilonetto, a PM não foi avisada sobre nenhum protesto a favor do impeachment no domingo. No dia, o Batalhão estará concentrado em garantir a segurança
dos eventos esportivos na Arena e João Marcatto.

• Em Corupá, a disputa eleitoral está definida. O duelo será entre Edgard Eipper, do PSDB, e João Carlos Gottardi, do PP. Em 2012, contra Luiz Carlos Tamanini, Gottardi fez 4.061 votos, 42,22% do total.

• Saudade. Esse será o principal apelo utilizado pela equipe de campanha de Nilson Bylaardt (PMDB) em Guaramirim.

• Antídio Lunelli (PMDB) surpreendeu durante encontro do partido da Ilha da Figueira na noite de quinta-feira. Disputando a primeira eleição, falou como político experiente. Sua história de vida, de uma família simples de agricultores à sua trajetória de sucesso no ramo industrial, será sua principal credencial para disputar o Paço e a confiança do eleitor.

• PMDB, PP e PSDB voltam a conversar na próxima terça-feira para tentar fechar a tríplice aliança. Antes disso, a atenção está na decisão do TCE sobre condenação do ex-prefeito Irineu Pasold.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP