“O modelo nórdico não é perfeito, mas é o melhor até aqui”

Por: Nelson Luiz Pereira

17/03/2022 - 07:03 - Atualizada em: 17/03/2022 - 07:55

Nesse mundo binariamente polarizado, uma curiosidade cada vez mais comum de alunos acadêmicos, é procurarem saber os múltiplos ‘lados’ do professor. Se ele ou ela é de direita ou esquerda, hetero ou homo, ateu ou cristão, pró vacina ou negacionista, onívoro ou vegetariano, especista ou vegano, conservador ou liberal, capitalista ou socialista, entre outros. Prova disso foi o testemunho de meu brother professor doutorando Marcos Murara. Me revelou que durante uma aula de administração, os alunos o indagaram: “teacher, podemos saber qual seu lado?”

O que vocês querem saber objetivamente? – retrucou o professor. “Se o senhor é capitalista ou socialista”. O preparado professor sacou de seu alforje virtual um providencial texto de umas três laudas e sugeriu: se lerem esse texto com brio, terão uma ideia aproximada sobre meu posicionamento. Particularmente, fiquei curioso e, como tenho brio, fui conferir o texto, intitulado “Economia Nórdica Explicada: A Diferença Entre Capitalismo “Compassivo” e Socialismo.”

O autor é David Bruining, membro do Students For Liberty Brasil, uma rede em rápido crescimento, formada por estudantes pró-liberdade em todos os continentes. É considerada a maior organização de libertários do mundo. Sua missão é educar, desenvolver, e empoderar a próxima geração de líderes da liberdade. A primeira, e fundamental reflexão que o texto propõe, é a de que Suécia, Finlândia, Noruega, e Dinamarca atingiram, de fato, sucesso econômico notável, porém, não alcançaram isso pelo socialismo, mas pelo que poderia se chamar de Capitalismo “compassivo,” um nome mais adequado para o modelo nórdico.

De acordo com Bruining, esses países focam em combinar um sistema de livre mercado com diversos programas sociais, como educação e saúde gratuitas, programa de aposentadoria garantida para os trabalhadores, entre outros. Entretanto, para que isso funcione, os cidadãos precisam depositar uma enorme confiança em seus governantes. Ou seja, isso dificilmente aconteceria no Brasil. Possibilitando que a economia, o trabalho, e o bem-estar social funcionem conjunta e harmonicamente, os nórdicos, escandinavos e também os bálticos, reduziram o abismo entre ricos e pobres, por saberem que a base oxigenada da pirâmide social, é o sustentáculo do capitalismo compassivo.

Mas muitos progressistas desavisados insistem que esses países são socialistas. O fato, conforme sustenta Bruining, é que há uma miríade de outras diferenças entre o modelo nórdico e o socialismo. Uma delas é que os benefícios governamentais não criaram a riqueza dessas nações – a riqueza do povo, advinda do livre mercado, criou os benefícios governamentais. Também não funcionaria por aqui. Então, minha curiosidade agora, é saber como os acadêmicos enquadraram o professor. Tema para o próximo café.