“Na iminência de uma campanha em tempos de hostil dualismo”

Por: Nelson Luiz Pereira

28/03/2022 - 07:03 - Atualizada em: 28/03/2022 - 07:19

As eleições de 2022 estão marcadas para o dia 2 de outubro, quando os brasileiros irão às urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais. Havendo segundo turno, a votação será no dia 30 de outubro. Até o dia 2 de abril, todas as legendas e federações partidárias devem obter o registro dos estatutos no TSE, e todas as candidatas e candidatos devem estar com a filiação deferida pela agremiação pela qual pretendem concorrer.

Presidente, governadores e prefeitos que pretendam concorrer a outros cargos em 2022 têm até esta data para renunciar aos respectivos mandatos. Com isso, estará dada a largada para o que poderá ser, pelo andar da carruagem, o pleito mais tenso desde a redemocratização. A supremacia das ideologias enlatadas, alimentadas pelo populismo e por persuasivos robôs de internet, tem suplantado a razoabilidade, a coerência, o discernimento e, sobretudo, o pensamento crítico dos que detêm o poder do voto.

Tenho sustentado a ideia de que resistir ao movimento ‘samambaia ao vento’, exige muita disciplina e conexão com a realidade fática, ou seja, aquela alijada do mundo online. A luz do pensar crítico está ofuscada pelo determinismo de uma razão dualista em ascensão, ou seja, tudo se afunila em duas únicas possibilidades: direita ou esquerda; estado laico ou estado teocrático; hétero ou homo; preto ou branco; democracia ou ditadura; machismo ou feminismo; conservador ou liberal; amor ou ódio; felicidade ou tristeza, e por aí vai.

Meu exercício mental diário tem sido no sentido de transcender essa esquizofrênica dualidade. Entretanto, conquistar essa liberdade sem ser enquadrado como ‘mala anônima,’ é uma significativa vitória existencial. Por isso, antevejo o pleito de 2022 regido por um tenso, intenso e descenso doutrinamento robótico virtual. As massas, dualmente entorpecidas por pseudo- opiniões, inevitavelmente, produzirão efeitos deletérios de curto e longo prazos para a sociedade, seja lá quem for o futuro dirigente.

Assim sendo, penso que só começaremos a mudar o Brasil quando invertermos a lógica de importância do voto. Ou seja, quando massivamente nos darmos conta de que a ordem de relevância do voto começa no candidato que de fato nos representa. Aquela ou aquele que conhecemos pessoalmente, e que está perto a ponto de podermos facilmente o encontrar e cobrar. Esses seriam votos de confiança, ao passo que os do planalto, seriam votos de aposta, já que Brasília, além de distante, é blindada.