“Barejas virtuais: você também dedetiza?”

Por: Nelson Luiz Pereira

07/02/2021 - 20:02 - Atualizada em: 07/02/2021 - 20:43

Há três meses produzi uma crônica sobre barejas. Eu dizia que no reino dos insetos, existem a vareja, que é uma mosca, e a bareja, com “b”, que também é mosca, porém, metamorfoseada em ser humano. Me reportava às barejas bípedes que pousam, presencialmente, em você. Hoje quero tratar das barejas virtualmente onipresentes. Por eu estar no mundo da comunicação cada vez mais online, acabo atraindo esses dípteros com muito mais facilidade, e quantidade.

Eles invadem meus multicanais, para contestar e discordar de tudo que é postado. Eu disse tudo. Discordam só por discordar. O perfil dessas barejas é mais ou menos assim: se em determinada postagem você diz que precisamos acreditar no Brasil, a bareja dirá que o Brasil não tem mais jeito. Porém, se na postagem seguinte, você manifestar que o Brasil não tem mais jeito, lá está a bareja dizendo que você é um descrente. Tente observar: a bareja virtual, quando posta algo, nunca é positivo, construtivo ou motivador.

Ela diz, por exemplo: “eu sou contra o Carnaval, isso é coisa do diabo”. Então você ensaia mentalmente aquela resposta do tipo: “e você é o que? Um anjo decaído? Que diferença faz se você é contra ou a favor, seu moscão?” Mas você não posta, porque estaria engrossando o enxame. Alguém acaba, telepaticamente, captando e postando por você. Aí você vibra. A propósito, os maiores enxames desses ‘humaninsetos’, encontram-se mosqueando nos dois lados antagônicos e extremos das ideologias rasas. Lá onde a ‘babaquização’ e a ‘sabotagem intelectual’, geram lavas.

Por conta dessa infestação, resolvi dedetizar meus canais virtuais. Em uma semana, só no canal facebook, dedetizei 248 barejas azulonas, aquelas cujo zunido, provoca arrepio. No entanto, já percebi que algumas dessas, voaram para outros canais. Obviamente, quando eu dedetizar o Instagram, elas migrarão para o WhatsApp e outros frestas. Recentemente baixei o aplicativo Telegram, e entre os 10 primeiros conectados, lá estava uma azulona ‘zolhuda’ pouzada. Concluí que a ‘densidade moscacional’ nas redes sociais é de uma bareja para cada dez internautas