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“A história sempre se repete… travestida, obviamente”

Por: Nelson Luiz Pereira

21/03/2021 - 19:03 - Atualizada em: 21/03/2021 - 19:59

Defendo a ideia de que a influência exacerbada da televisão e das redes sociais no cotidiano do brasileiro, maquia um déficit histórico de instrução e cultura, derivado da limitada disponibilidade de boa literatura, teatro, ópera, cinema e ciência. Esse fenômeno moldou uma massa social incapaz de perceber o sentido da história e sua lógica sistêmica. A grande massa desprovida de razoável senso crítico, não percebe que a história se repete.

Não enxerga que ela apenas se traveste, ou se mimetiza, à realidade atual. Então, se de um lado temos a televisão e o Facebook que, por suas peculiaridades, não estimulam discussões profundas e ações concretas de transformação social, e de outro lado temos uma limitada massa crítica ávida pelo próximo capítulo, não lhe parece estrategicamente proposital que a trama palaciana tupiniquim, seja exibida em capítulos, seguindo fielmente os ingredientes do gênero novela, roteirizada na pedagogia ‘panis et circenses’?

Percebam que a cada semana entra em cena um capítulo, ou show, diferente, prendendo a atenção da massa. Proponho como analogia ilustrativa a dinâmica de poder do império romano. O imperador promovia distrações e entretenimentos de toda ordem para apaziguar o povo diante das mazelas sociais. O Coliseu com os bárbaros gladiadores, ou os miseráveis atirados vivos aos leões, são os típicos exemplos. Cabia à extasiada elite do poder, exprimir o consequente sinal do polegar, diante de uma plateia dividida, mas subserviente.

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Não sei você, mas eu vejo nitidamente aquela lógica romana personificada em nossos dias. Os protagonistas ativos de um lado, em seu podium, e os espectadores passivos de outro, nas ‘meaninas’ e ‘pórticos’. Agora relaxe pra não doer, porque se você, como eu, integra a sociedade civil, que arrecada, paga impostos, gera empregos e rendas, então, somos os passivos dessa orgia sistêmica, consentindo com o indolente defloramento retal. Doeu? Nossa condição diante da atual pandemia, traduz bem esta realidade. Carregamos o fardo para sustenta-los, intocáveis, no podium. O Brasil é um grande Coliseu Romano.

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Nelson Luiz Pereira

Administrador, escritor, membro do Conselho Editorial do OCP e colunista de opinião e história.