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Viver sem espelho?

Por: Luiz Carlos Prates

25/10/2016 - 07:10 - Atualizada em: 25/10/2016 - 07:57

Queiramos ou não, tenhamos ou não consciência disso, todos andamos, o tempo todo, à procura da saída… Que saída? A saída da angústia vital. Essa angústia vital é a angústia que envolve o ser humano do nascimento ao último suspiro. A angústia começa com a nossa dependência total aos outros enquanto somos crianças, e depois pela consciência da finitude, a grande encrenca dos vivos.

Acabei de ler, num canto da Internet, um longo artigo sobre nossas buscas constantes para encontrarmos paz e a fugidia felicidade. Relatos de todo tipo, buscas de toda sorte, algumas mais parecendo fugas… Pessoas que se internaram em mosteiros, confundindo neuroses com vocações, o que é muito comum…

Uma dessas pessoas que se internaram numa instituição religiosa, pensando que era o que ele queria da vida, contou que ficou por seis meses sem falar com ninguém. E essa experiência, segundo muitos, nos limpa por dentro e por fora. Vivemos nos incomodando pela boca, segundo ele, ao dizer o que não devemos, dizendo tontices.

Mas o que me fez tremer foi esse sujeito dizer – e vou acreditar nele – que passou três anos sem se olhar ao espelho. Convenhamos, é uma formidável provação. Três anos sem se ver… Quem, aqui fora, tem essa coragem? E fico a imaginar o nosso “reencontro” com nós mesmos depois de três anos sem espelho… Quem seria aquela figura do espelho, como estaria? Quão velha? Aí está uma provação quase impossível, olharmo-nos ao espelho é-nos tão importante quanto respirar.

Três anos depois? Que susto!

Ah, quase esquecia, nesse artigo que li, uma mulher, que também andou se metendo em grupos de meditação e religiosos, saiu com a definitiva certeza de que somos infelizes por três razões: desejo, aversão e ignorância.

Discutível. O desejo faz parte da vida, sem ele não há vida. O mal não está no desejo em si mas no desejar o inconveniente. Saber disso é sabedoria. Aversão é não gostar de algo, mas sem aversões a vida seria um dano… Minhas aversões dão-me segurança. E ignorância também pode fazer-nos um grande bem. É bom ignorar o que não nos ajuda a ser feliz…

Ditas estas coisas, sobra a certeza de que tudo pode ser e tudo pode não ser. Depende do ponto de vista individual. Continuamos na encrenca, enquanto houver pensamento haverá angústias e infelicidades. A única saída seria relaxar. Mas o único relaxamento pleno da vida… é ela, a Monja da Eternidade. E esse relaxamento ninguém quer.

Ela

Fico extremamente irado com a estupidez, e não me venha alguém dizer que é direito, que é exercício de liberdade, isso e aquilo, não me venha. Acabei, outra vez, de passar por uma jovem de bicicleta na faixa dos automóveis e de fones enfiados nos ouvidos. Tem cabimento? Expondo-se a um quase garantido atentado à vida. E dezenas de irresponsáveis iguais a ela aqui pela cidade. Aquela mulher não deve ter pai nem mãe, ninguém por ela. Depois… não chorem.

Falta dizer

As novidades que buscamos nos jornais, na imprensa, são as mesmas da eternidade, apenas trocamos nomes, endereços e CPFs, tudo é, afinal, repetição. Não há nada de novo abaixo do sol.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.