“Vidas sem sentido”

Por: Luiz Carlos Prates

20/02/2019 - 11:02

Quando vou para minha sala de trabalho deixo uma música de fundo. Da vez mais recente, procurei por algo como “música romântica instrumental”. Um som de paz, uma harmonia de que, penso, todos precisamos. Enquanto a música rolava, sobre a tela do computador apareciam mensagens, uma delas me fez virar o boné…

Dizia assim: – “Nunca se é demasiado velho para fixar outra meta ou para ter um novo sonho”. Proposta sábia e antiga. E tudo começa pela singela razão de que não ter na vida uma meta ou um sonho é parar e começar a morrer. – “Ah, mas estou muito velho…”. É frase típica dos embotados da vida, com esse tipo de gente é preciso falar alto e de modo a que ouçam: estúpidos.

Muitos pensam que ter metas ou sonhos é imaginar-se cruzando o oceano Atlântico de barco a remo… ou parecido. Nada. Meta e sonho são projetos que podemos levar adiante enquanto vamos ao banheiro.

Dia destes, nem lembro quem, ouvi mais um estulto, não o quero agora chamar de idiota, dizendo que não via a hora de se aposentar, chega de ser escravo, chega disso, daquilo, dizia o pobre diabo. Pobre diabo, sim, pobre diabo existencial.

Aposentar-se significa ir para os “aposentos”, aposentado é quem vive num aposento, já pensaste nisso? Perdão, será que eles já pensaram?

A vida não tem propósito, disso já sabemos ao nascer, um dia talvez ainda se chegue à razão da estultícia da vida, qual a razão dela, por que vivemos com uma consciência que só nos faz mal e nenhum bem? Será que ter consciência da finitude produz prazer? Bom, não foi por outra razão que os espertalhões criaram as religiões e nos doutrinaram, com segundas intenções, para que lutássemos pelo reino dos céus, pela vida eterna… Tem cabimento?

Só o trabalho, um trabalho por paixão, por gosto, nos pode anestesiar a consciência do desespero da finitude… Uma arte, um sapateado, um pintar xícaras, o que for, nos leva a mente a nos fixar fora de nós, e aí estará o único sentido da vida: distrair-se, distração.

Dar-se por velho para não fazer mais nada é o fim antes do tempo. E sempre é tempo, sim, de levantarmos da cadeira e de, pelo menos, lambermos um selo com prazer. Esse prazer é vida.

Viver

Placebos são remédios que sob a aparência de verdadeiros são inócuos, sem qualquer elemento químico que produza alterações no corpo humano, mas… Em 1/3 dos casos em que eles são usados produzem resultados de remédios verdadeiros. Por quê? Porque a vontade de curar-se é o que cura as pessoas, não os remédios. Mas aí alguém pode perguntar: e quem seria louco de não se querer curar? É patético, mas a grande maioria dos pacientes quer ou punir-se ou morrer, tudo inconsciente…

Desejo

O ser humano busca a morte de modos bem disfarçados. A dissonância cognitiva, por exemplo, é bom exemplo, e se caracteriza por fazermos várias coisas que sabemos não nos fazer bem, mas… fazemos. Fumar, beber, consumir drogas, acelerar o carro, criar casos em casa, no trabalho, tudo, tudo disfarçado em boas razões. Mas a razão é uma só: Querer morrer, de um modo ou de outro. Todos fazemos isso, todos.

Falta dizer

Alguém tem que fazer limpeza geral nas universidades, chegar com tudo, chegar chegando… Não é aceitável que o tráfico de drogas esteja metido ao meio de muitos “bacanas”, insuspeitos, ou nem tanto. Vagabundos que chegaram à elite do ensino no Brasil consumindo ou negociando drogas? Ferro neles, “ferro”, vagabundos.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.