“Tente, quero ver”

Por: Luiz Carlos Prates

09/11/2018 - 11:11 - Atualizada em: 09/11/2018 - 11:37

Estou pensando seriamente em construir uma casa, mas… não quero nessa casa tijolos, pedras ou cimento. Você pode me dar uma ajuda? – Não, não me venha dizer que é impossível construir uma bela casa sem tijolos, pedras ou cimento.

– Ué, Prates, estás delirando hoje? – Ou isso é normal em ti? Como podes pensar numa casa boa, sólida, confortável sem tijolos ou pedras e cimento?

A leitora tem razão até um certo ponto. Ocorre que acabei de ler um jornal, faz alguns minutos, e como você sabe, ler jornais “transtorna” a nossa cabeça, faz-nos ver a realidade e a realidade entorta nossas cabeças. É uma distorção, um entortar, para a fúria. Uma fúria provocada pela verdade, quantas vezes já disso isso aqui? Quem não lê jornal, quem não se informa, quem não assiste a telejornais fica um bobão da corte, não sabe de nada, não se incomoda, enfim. Maioria escandalosa do povo brasileiro. Daí a miséria em que vive, miséria física e mental, a pior de todas.

Duas manchetes me tiraram o sono. A primeira dizia assim: “Franquias de lazer são as que mais crescem no Brasil”. Diga-me se tem cabimento. O povo na pior, ganhando pouco, vivendo numa miséria de bolso e de cabeça, mas… querendo lazer. Os desocupados, os que ganham pouco, os que vão viver velhice na miséria, querem lazer, querem viajar, querem sair por aí… Vão ter o que merecem, ah, vão.

E a outra manchete, que fecha com a anterior, dizia assim: – “A megafilial carioca da Livraria Cultura fechou as portas”. Veja bem, megalivraria no Rio de Janeiro…  fechou. Faz ou não faz sentido com o Rio que “conhecemos”?

Ora, um povo que quer lazer sem antes ter feito o trabalho de casa, um povo que não lê jornais, que não quer teatro de qualidade, que não sabe o que é música, que vive trocando de celular, um povo que discute a matrícula dos filhos, que quer praia e feriadões, como pode ser livre, democrático, sem um opressor a lhe comandar?

Vivo perguntando, você já ouviu dizer de uma livraria assaltada no Brasil? Jamais. Livros não vendem, não há dinheiro em caixa, e livros dão urticária aos trogloditas que não leem.

Livros? Não, obrigado. Lazer? Ah, querem todos. Pobre povo. Povinho. Quer progresso e ser livre sem “tijolos”, sem livros. Tentem, quero ver.

Vergonha

Acabei de ler a história de um sujeito que fumou por quase 40 anos e entrou com ação judicial contra uma fábrica de cigarros, queria indenização por danos à saúde, estava na pior… Culpava o cigarro. Será que o “ingênuo” nunca ouviu dizer que o fumo faz mal à saúde? E depois de tanta “orgia” queria ganhar dinheiro no mole? Claro que não ganhou. Foi se coçar numa tuna. Ele devia ter vindo reclamar na “minha delegacia”. Tinha um “cigarro” para ele…

Ela

Num desses canais de venda na televisão, a garota contava das orações que fazia para passar no Vestibular, e morria de rir. Uma perfeita idiota. Nunca devemos rir do que fizemos com desespero e fé, orações que visavam ao nosso bem. Brincar com o que um dia foi sério para nós, é refinada estupidez, mas… é o que mais se vê por aí, gente idiota.

Falta dizer

Certas intimidades são nossas, fica ridículo andar por aí falando delas. Acabei de ler sobre uma mulher que ficou, digamos, “quebrada” depois de um acidente. E agora diz que não imaginava que um dia podia ter tanto prazer no sexo como ela tem hoje. E eu com isso? E o pudor?