“Sexo? Cuidado”

Por: Luiz Carlos Prates

02/03/2019 - 05:03

Não nos damos conta, mas vivemos sob a regência do pensamento mágico. Ele não é de todo ruim, o pensamento mágico, todavia, quando acorda com os pés de fora, bah, nos pode aniquilar num momento.

Você me pode estar perguntando, mas que diacho é esse de pensamento mágico? Tem razão, diacho. O pensamento mágico é irmão gêmeo da dissonância cognitiva. A dissonância é a discrepância que existe entre o que sabemos e o que fazemos. Um exemplo e tudo fica bem claro: muitos fumam e sabem dos danos do fumo à saúde, mas fumam assim mesmo. Quer dizer, sabem, mas atropelam o saber com o pensamento mágico.

O pensamento mágico é uma instância psíquica de que todos, sem exceção, nos valemos para praticarmos sem sobressaltos o que, no fundo, sabemos que pode nos liquidar. O pensamento mágico faz-nos acreditar que conosco as coisas vão ser diferentes.

Sabes aonde quero chegar, leitora? Adivinhou, ao carnaval. A cada ano que passa mais nos aproximamos dos últimos dias de Sodoma e Gomorra… Está valendo tudo, e o que prepondera é o sexo fácil e irresponsável. Todo mundo deve saber que o sexo é uma aventura de alto risco. Pode matar… Matar aos poucos.

Nunca foram tão fáceis as parcerias sexuais, mas descuidadas pelo pensamento mágico. E o pensamento mágico pode estar na cabeça da jovem, da mulher que olha para o sujeito e pensa: ele é uma gracinha. E desse juízo estúpido, todos os riscos… Sexo sem camisinha, sexo com o risco de o carnaval não acabar na quarta-feira, na quarta-feira de cinzas, mas na de uma vida, a partir de então, de cinzas…

Bebidas, drogas, perturbação dos sentidos, busca irreal do prazer no aqui e agora e… Dentes rangidos no futuro. Se o pessoalzinho lê-se mais jornais saberia que as doenças sexualmente transmissíveis aumentaram 700% nos últimos 10 anos no Brasil.

Doenças que muitos imaginavam erradicadas entre nós, tipo sífilis, gonorreia, HIV/Aids, sem falar no vírus HPV que está derrubando multidões de mulheres nos cânceres de útero. Tudo resultante do sexo sem caminha, sem proteção nem respeito das “vítimas” por si mesmas… Tudo no pensamento mágico de que nada vai acontecer. Garanto: vai sim, vai acontecer.

Aviso dado. Tempo perdido, sei bem. Evitar o pensamento mágico e poupar-se de uma sessão de sexo com um infectado, ele ou ela, pode salvar a vida…

Bebidas

Vou usar da linguagem do meio da rua: por que as pessoas, maioria, enchem a cara no carnaval? Para anestesiar a consciência e tomar coragem, no caso dos homens. Sem álcool ou drogas eles ficam parados num canto, umas “joaninhas”. Eles sabem disso. E elas? Pela mesma razão, não querem “ver” o que vão fazer… Não raro, vão sentir os efeitos da “anestesia” etílica ou das drogas alguns dias depois. Será muito tarde. Trouxas.

Malandros

Você sabe quem são os verdadeiros malandros no carnaval? Os que bebem água mineral, e fora do gelo para não machucar a garganta. Esses vão se divertir tendo consciência da “diversão”, e sem os efeitos da estupidez que entorpece e leva as pessoas aos desatinos que mais tarde lhes vão provocar chiliques de preocupações e arrependimentos…

Falta dizer

Fico imaginando a cena. Cena surreal, só mesmo na imaginação: a filha vai sair com as amigas por estas noites de carnaval. E na hora de sair, o pai ou a mãe lhe faz a pergunta vulcânica: – “Filha, estás levando camisinha, vê aí na tua bolsa”? Sim, porque os “joaninhas” não querem saber nem levam camisinhas, ora, já se viu!