Sempre queremos o que ainda não temos – Leia a coluna do Prates desta quarta-feira (26)

Foto Divulgação

Por: Luiz Carlos Prates

26/08/2020 - 10:08 - Atualizada em: 26/08/2020 - 10:39

Quando criança, período em que somos absolutamente indefesos, me ensinaram que a porta do inferno é muito atraente, linda mesmo, difícil resistir a passar por ela para ver o que há lá dentro… E também me disseram que uma vez passada por essa porta, nunca mais…

Ela se fecha às nossas costas, babaus! Olhe o que ensinavam às crianças!

Pois bem, o tempo passou, há tantas e tantas outras portas de inferno na nossa vida de hoje que até esquecemos da verdadeira porta do inferno. Qual é mesmo? Conto uma história.

Por uma dessas tantas portas do inferno passou um sujeito que foi “grande” na política. Ele é ainda bem jovem, mas está preso… Muitos anos de cadeia nas costas. O cara, ele e a mulher, pintaram e bordaram com o dinheiro público, uma safadeza daquelas.

Daquelas dos muitos que andam por aí, ainda soltos, pensando que vale a pena. Se valer a pena pela impunidade não haverá de valer pelo sentimento pessoal, íntimo.

O cara vai se lascar na vida sem saber exatamente da razão. Mas será pela sentença do tribunal togado que todos temos dentro de nós, tribunal de consciência, por patifes que sejamos.

O que precisa ser dito é que esse sujeito, agora preso, não precisava fazer o que fez, mas é a tal coisa… Quanto mais temos, mais queremos ter. Esse é o ponto: o querer.

Sempre queremos o que ainda não temos, uma vez chegado a esse querer, não queremos mais, queremos outra coisa. A conta nunca fecha e aqui está um dos degraus da porta do inferno: o querer.

Sem desejos não teríamos saído do ventre materno, estaríamos lá até hoje, mas… Tudo estava muito rotineiro lá dentro. Queríamos dar as nossas voltas. Voltas que nunca mais acabarão, são voltas que se envolvem com os desejos, como o querer mais e mais. Infelicidade pura.

Ter pouco, desejar menos ainda, ter consciência de vida, saúde e liberdade faz a boa vida, produz felicidade. Mas buscar a felicidade por caminhos errados, nos fez sair do ventre da mãe.

Queríamos o ar externo, sair para ter, ter e ter… O larápio do dinheiro público de que falei, um carioca, deve já ter pensado nisso, por querer e querer e querer sem métrica está preso. O querer despudorado é o umbral da porta do inferno.

Exibição

Quando me exibo com o que eu tenho fora de mim, sou um pobre coitado.

Abri o site Terra e lá estavam manchete e foto: – “Fulaninho (um televisivo que se acha poderoso) ostenta carrão de 2,5 milhões em dia de compras”.

O idiota foi ao supermercado com esse carro. Precisa? Precisa porque é um pobre diabo por dentro, ainda que se ache cheio de poderes por fora. É dos que precisam “ter” e ostentar para ser. Ser um nada.

Ele

Um dos caras sobre quem mais leio é Warren Buffett, americano, um dos três mais ricos do mundo. Tem 90 anos e alguns 90 bilhões de dólares no banco. Dá para ir à feira. Mas não troca de carro há anos e anos.

Mora na mesma casa quase desde que nasceu, e é podre de rico. Uns moscas-mortas por aqui ostentam e ostentam bobagens, mas faz sentido, são miseráveis por dentro…

Falta dizer

Vamos imaginar. Uma garota muito bem comportada, daquelas por quem os pais pusessem as duas mãos no fogo…

Essa garota, um dia chega em casa dizendo-se grávida. Comoção familiar, mas ela diz, calmamente, que foi engravidada pelo Espírito Santo. O que aconteceria, hein, leitora, aí na sua casa?

 

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