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“Sem desculpas”

Por: Luiz Carlos Prates

16/01/2019 - 09:01 - Atualizada em: 16/01/2019 - 09:13

Li a história de uma mulher, num jornal de São Paulo, e não senti pena dela, pelo contrário, senti um certo enjoo, mas… por muitos ela foi celebrada.

Antes de contar da história, preciso  “lembrar” que o relógio do pobre tem as mesmas horas que o relógio do rico, os minutos têm os mesmos segundos, nenhum relógio tem mais ou tem menos tempo, nenhum tem tique-taques diferentes, logo…

Não me venham com desculpas do tipo – “Não tenho tempo para fazer isso ou aquilo”! Têm sim. O que não têm é vontade. O tempo é dado por igual a todos.

Eu sei que alguns trabalham mais, outros menos. Faz parte do jogo da vida, há os que trabalham mais por absoluta necessidade e há os que trabalham menos, ou nem isso, por vadiagem genética ou construída…  Pronto, deixe-me contar a história da tal mulher. Omito nomes, referências miúdas etc…

A história celebra uma mulher nascida na roça, criada por pais pobres, casou cedo, multiplicou filhos… e viveu por décadas sem saber ler nem escrever. Ela tem hoje 89 anos, foi aprender a ler e a escrever aos 83 e… os amigos ficaram admirados, a beijaram, celebraram a força de vontade dela, uma festa. Não para mim.

Por que ficou tanto tempo na vida sem ler nem escrever? Qual a desculpa? Nenhuma, senão algumas que não quero falar, muito grosseiro…

Olha, leitora, aprendi no Consulado Americano de Porto Alegre, (minha sede como repórter da Voz da América no Brasil) um mantra sobre tempo e objetivos na vida. Quando alguém dizia para um americano da diplomacia que não tinha tempo para isto ou para aquilo, ele perguntava: a que horas levantas pela manhã?

E o sujeito respondia, por exemplo, sete horas. O americano sentenciava: – Filia-te ao clube das seis! E explicava. Levantes 1 hora mais cedo e uses dessa hora extra para estudar ou construir o que quiseres. Quem quer, quem tem um objetivo, viabiliza o tempo, sem embromações!

Esperar por décadas para aprender a ler e a escrever, o que se pode fazer em poucas semanas, é desídia de vida que nada explica senão a própria desídia. Certo? Acho muito bom.

É tempo de os mandriões da vida saberem que quando eles pensam estar enganando os outros, estão enganando a si mesmos, antes de tudo. Só o que faltava aprender a ler a escrever aos 80 e tantos, só o que faltava…

Exemplo

Viste o exemplo aí de cima? Pois é, mas tenho outro comigo, de um garoto que vivia com os pais debaixo de um viaduto em Porto Alegre. Pais papeleiros, a “casa” deles um barracão de papelões… E o guri foi descoberto pelo jornal ZH porque só tirava 9 ou 10 no colégio, fosse a matéria que fosse. Como esse guri, nas condições em que vivia, tinha tanta vontade e vergonha na cara? Um tapa na cara dos “bebezinhos” das mamães que andam por aí rodando e rodando nos colégios. Vadios.

Sabedoria

Que os pais não sejam “cegos”, que saibam dos filhos que têm, do caráter deles… De outro modo, na velhice poderão ser “esquecidos” ou “desovados” num asilo, os filhinhos estarão muito ocupados para cuidar deles. Não sejam ingênuos, vejam muito dos seus futuros nos filhos.

Falta dizer

Liguei a tevê no canal de música da Sky e fui direto para a faixa dos Sambas de Raiz. Zeca Pagodinho cantava um samba chamado Delegado Chico Padilha. O refrão do samba, uma beleza. Dizia assim: – Ele não prendia, só batia/ Ele não prendia, só batia”. Ô, delegado, venha tomar um cafezinho na minha delegacia…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.