“Problema deles”

Por: Luiz Carlos Prates

22/10/2018 - 11:10 - Atualizada em: 22/10/2018 - 11:46

São raras as pessoas na vida que são culpadas por nossos tropeços. Mais das vezes, todavia, apontamos o dedo acusador contra este ou contra aquela… Se a pessoa for justa, vai ver que o acusado não tem ou teve culpa de nada, nós é que fomos frouxos, “ingênuos”, desatentos.

É que apontar o dedo contra alguém nos alivia sentimentos de culpa, evita reconhecer que erramos, que não devíamos ter sido tão incompetentes.

– Ah, Prates, mas aquele safado me enganou! Não, não te enganou, tu te enganaste com ele, não quiseste ver os defeitos dele, defeitos mostrados já no primeiro momento entre vocês… Vale para quase tudo na vida.

Acabei de ler uma reportagem de jornal sob este título: – “Mundo cada vez mais distraído desafia apresentação na firma”. Fui ler, afinal, faço apresentações em empresas, faço palestras.

A apresentação, qualquer uma, se confunde com uma aula, não deixa de ser uma aula. E numa aula, presta atenção quem quiser, vai aproveitar ou não se achar que sim ou que não. A pessoa que faça o que bem entender, mas… Não se queixe mais tarde.

Aprendi cedo na vida que os pais não devem forçar os filhos pequenos a comer. Os alimentos devem ser deixados ao alcance da criança, se tiver com fome, vá lá e coma. No geral, a vida é assim com tudo, queres cuidar da tua saúde, tudo bem. Não queres? Problema teu. Mas depois, no chão ou numa UTI, boca fechada, não se queixar.

Uma palestra na empresa, uma aula na escola, nunca haverá de ser para o mal das pessoas, nunca. Se a pessoa não prestar atenção, e como diz a manchete, o povo anda muito distraído, é problema dos distraídos, a vida mais tarde vai cobrá-los, que vai, vai. Os espertos aproveitam todas as oportunidades, andar distraído é para os sem propósitos na vida.

No início dos anos 2000, o tempo médio de atenção a um estímulo era de 12 segundos. Caiu para 8 no ano de 2013… Hoje deve estar quase no zero… Por quê? Porque os desidiosos, os desinteressados de tudo, não estão nem aí. Mas que sejam cobrados, em casa, na escola e mais ainda na empresa. Como é que para as imundícies da vida prestam atenção? Fracassados.

Verdade

Faz tempo que escrevo em jornais. E já ouvi de tudo. Assinantes, por exemplo, dizer que o jornal chega e… fica num canto. Só ele lê, o resto da família faz que não vê. Sei disso, mas que os “desatentos”, mais tarde, não se queixem da sorte. Sem nada na cabeça, nada se tem para dizer e pouco se entenderá da vida. Sem falar que é um desespero “conversar” com quem não tem o que dizer, senão falar do tempo e… de mais nada que valha a pena. Quem semeia colhe de acordo com a semeadura.

Conselho

Há que aconselhe a que façamos uma poupança de cinco ou seis salários para, no caso de demissão, não entrarmos em pânico, preservarmos assim a condição de vida pessoal e da família. É pouco. A poupança tem que ser elástica, tem que visar à velhice, não apenas para o caso de uma demissão. Todavia, são raríssimos os que fazem poupança. E você tem poupança? Não me venha com a desculpa de que é novo, nova, que é cedo ainda. Te digo, já é tarde.

Falta dizer

Mesmo com causa errada, sem paixão ninguém será orador brilhante. A paixão, por qualquer causa, nos põe fogo na língua, nos dá argumentos para convencer e ser ouvido…