Padrões impostos na primeira infância – Leia a coluna do Prates desta quinta-feira (25)

Foto Divulgação

Por: Luiz Carlos Prates

25/06/2020 - 11:06 - Atualizada em: 25/06/2020 - 11:58

Guardo incontáveis frases alheias, tanto na memória quanto em várias gavetas. Volta e meia vou procurá-las ou delas me lembro espontaneamente. Aconteceu há pouco.

Veio-me não sei de onde uma frase que um dia me deve ter chamado atenção. Ela diz assim: – “Para ser livre e feliz você tem que se desfazer de tudo o que fizeram de você”. Frase simples, vulgar, mas tão vigorosa quanto os alicerces de Notre Dame… Frase vigorosa, mas utópica.

Impossível desmanchar as imbecilidades que me passaram na infância, que passaram a nós, leitora. E aqui eu enfatizo aquela história dos primeiros anos de vida, o proverbial período de molde, tempo em que tudo o que nos chega aos ouvidos e às retinas vai ficar para sempre.

As imbecilidades religiosas que me perseguem não foram procuradas por mim, me foram macabramente impostas. Eu não pedi para ser batizado, para acreditar em pecado mortal, em céu e inferno, mais em inferno que céu…

Tudo obra dos “velhos” que me cercaram na primeira infância. O que nos acontece hoje, leitora, vai nos eriçar os cabeços ou não a partir dos alicerces que nos deram como base de vida naquele período em que éramos indefesos…

Todos os nossos preconceitos, todos os nossos ranços, tudo o que nos é simpático ou antipático vem da semeadura que fizeram sobre nós, geralmente com sementes do “nada-bom”…

Sobra-nos, todavia, uma ilha de refúgio, não digo de escape, é difícil o escape. Falo do refúgio do entendimento, a consciência.

Essa consciência precisa ser trabalhada pela pessoa ao longo da vida. Diante de um beiço torcido que fazemos a alguma coisa ou a alguém, deve-se cutucar a consciência e perguntar: por quê?

Diante de um “por que” honesto, podemos nos conter e não avançar indevidamente o sinal, qualquer sinal que nos possa levar mais tarde ao arrependimento. Mas, convenhamos, isso é para poucos.

Nós, por maioria, nos achamos sempre com razão, uma razão que não é genuinamente nossa… Se pudesse me desfazer de tudo o que fizeram de mim na primeira infância, por certo, eu não estaria aqui com você.

Até podia ser, mas tenho severas dúvidas. Onde eu estaria e o que estaria fazendo? Seguramente não estaria rezando nem pensando em “pecados”. Meu consolo é que os que mais “pregam” são os mais descrentes. Ardem por dentro!

Traços

Pais e mães vão deixar marcas profundas nos filhos a partir do modo como falam e se comportam. As crianças são educadas pelo que ouvem e pelo que veem nos pais. Coitadinhas!

Mas há pais idiotas que dizem – Ah, minha filha tem apenas dois aninhos!… Dois aninhos, mas já entendem tudo, absolutamente tudo o que os pais fazem e dizem. E os lacaios não sabem disso?

Fazer filhos sem amor, souberam. Safados.

Palavras

Mulher e marido discutindo… Cuidado com o que vai ser dito.

Há palavras tão fortemente carregadas de emoção e “verdades” que não podem ser ditas, nunca mais vão ser esquecidas quem por elas foi ofendido.

Pode haver a reconciliação, pode. Mas o que foi ouvido ficará. Quem tem sensibilidade sabe disso. Quem mesmo?

Falta dizer

Depois de dois dias lavando, deixando de molho, peguei um figo comprado num supermercado e o comi. Sai correndo para cuspir. O figo tinha gosto de veneno, que ordinários chamam de defensivos agrícolas.

Até quando isso vai continuar acontecendo no Brasil? Até sempre, ou você acha que algum “mandatário” vai bater na mesa e dizer que não tragam para o Brasil produtos proibidos na Europa? Ah, as “vantagen$”…

 

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