Há certos comerciais na televisão que são verdadeiras preciosidades, lições, de psicologia e vida. Agora, por exemplo, um refrigerante está mostrando imagens de atletas no preciso momento em que eles ouvem a celebração da vitória: ganharam a medalha de ouro. As cenas mostram os atletas “desfigurados” pela explosão de alegria. A alegria da vitória, a alegria do “ouro”.
E na propaganda aparece a mensagem: – “Ouro é uma emoção que todos podem sentir”. Ao ouvir essa mensagem, muitas pessoas, perdedoras contumazes na vida, dizem: – “Ah, não tenho nada a ver com isso, não sou atleta”!
Essas pessoas se enganam, somos todos atletas, sim. Somos todos atletas olímpicos na mais permanente e difícil olímpiada de que um ser humano pode participar: a disputa com ela mesma.
Todos nós estamos o tempo todo, do nascimento até hoje, disputando a mais acirrada e difícil de todas as disputas: vencer a nós mesmos. Todos temos consciência de nossos defeitos, pelo menos dos que mais nos incomodam, todos temos sonhos, projetos, vontades. Mas são poucos os que cruzam a linha de chegada na realização desses seus projetos. Por quê? Porque as pessoas ao longo da “corrida” da vida vão desanimando, desanimam fácil, vão criando desculpas, vão culpando outras pessoas, vão se queixando da sorte… Essas pessoas não se dão conta de que têm, todos temos, todas as possibilidades de vencer na vida. De vencer dentro de nós, diante das nossas potencialidades… E você sabe, potencialidade é capacidade de vir a ser…
Provavelmente eu não possa superar meu irmão, meu vizinho, meu colega numa determinada área em que eles são competentes e eu não… Mas tenho, você tem, todos temos, as nossas próprias capacidades. É achá-las e jogá-la para fora, para o pódio da nossa vida.
Olhe, leitora/o, vamos combinar: todos podemos chegar ao ouro, ao ouro de nós mesmos, mas a estonteante maioria vai ficando pelo meio do caminho, dando-se por cansada ou vencida. Perdedores existenciais. Quando bem podiam viver a emoção do ouro, como diz a publicidade do refrigerante, uma emoção que todos podemos sentir.
Aos desanimados existenciais, então, não sobra opção senão sentar-se no sofá, bocejar e dizer que nada têm a ver com as Olimpíadas. Esquecendo-se, coitados, de que desdenham das Olimpíadas em que poderiam chegar ao pódio, ao ouro: as Olimpíadas de si mesmos, a da vida de cada um.
Lá
Foi na China, e se fosse por aqui? Um general do exército da China, um canalha, foi condenado por corrupção à prisão perpétua. Ele tem 74 anos. E até hoje não tinha achado a vergonha na cara. Pegou dinheiro público e agora vai ficar mofando com o dinheiro no balaio… E se fosse aqui? Bom, se fosse aqui, o canalha iria esperar uns 40 anos para o julgamento… Fui claro?
Falta dizer
Fala de um personagem, muito rico, na novela Êta Mundo Bom: – “Do que vale o dinheiro quando tudo o que temos em torno de nós é o silêncio”? E o pior silêncio, companheira/o é o da cabeça vazia, mesmo uma multidão em torno da pessoa, de nada vai adiantar…