Pergunta: – Qual o melhor de todos os prazeres sensoriais de um ser humano? Muita gente vai revirar os olhos, vai pensar… Outros vão enrolar a língua de tão apressados: o sexo, é claro. Toda unanimidade é burra, foi o que um dia disseram e pegou. Não concordo. A unanimidade no bem não nos pode fazer mal, não é burra. Volto à pergunta.
E aí, leitora/o, qual é para você o maior prazer de que pode gozar um ser humano?
De minha parte não tenho a mínima dúvida: comer. Bah, um prato delicioso, um quitute de desmanchar a língua de tão bom, cruzes, não há limites para os prazeres da mesa, mas… E sempre há um mas na vida, é claro que sem limites os prazeres da mesa nos vão levar mais cedo para o outro lado do muro, o muro do nunca mais.
Estou nesta conversa até agora sem muito fundamento em razão de ter lido uma entrevista do Nizan Guanaes, um dos nossos formidáveis publicitários brasileiros, e na entrevista ele citou uma frase de Mark Twain, o escritor (1835-1910), frase interessante, provocadora.
Twain disse que – “A única forma de conservar a saúde é comer o que você não quer, beber o que você não aprecia e fazer o que preferia não fazer”… La pucha! Mas aí a vida fica sem graça.
Comer o de que não gosto, ah, faça-me o favor! Vou ter que comer berinjela, brócolis… E o que faço com o meu bife à parmegiana, batatinhas fritas, ovo frito, mousse de maracujá, bah, lista interminável… Deixar disso tudo? É duro. Mas vale a vida, dizem…
As restrições, é claro, valem para as bebidas, uma caipirinha, um uisquinho na dose certa e na hora mais que adequada, nada? Nada. Só guaraná diet…
E quanto a ter que fazer o de que não gosto? Bah, mas é só o que vivo fazendo; não é de graça que sou jornalista… Vamos encurtar a conversa, o conselho é bom mas é também bom não esquecer que dentro da moderação podemos fazer de tudo um pouco.
Ah, e para os que comparam sexo com mesa, com o prazer de comer, nem de longe se comparam. Sexo é lá de vez em quando… E comer pode ser o dia todo. O único diacho são as consequências… Valeu, Nizan.
Sinal
Você conhece ponto, conhece vírgula, conhece ponto-e-vírgula, conhece hífen, conhece ponto de interrogação… Então, lhe pergunto: qual deles é o mais importante na vida? Acertou, é o ponto de interrogação. Esse ponto nos evita de cair em ciladas, das amorosas às comerciais. Duvidar sempre, colocar sempre o ponto de interrogação na conversa, na ideia, na vida. É batata, vamos viver melhor. Bem-aventurados os céticos… Caem menos.
Falta dizer
Todos nós somos hostis, temos ódios e raivas dentro de nós, e não adianta negar. Ninguém é – e jamais o foi – santo nesta terra. Então é bom saber que distúrbios estomacais, intestinais e flatulências, por exemplo, são produtos da hostilidade reprimida. Ainda não existe Freud em comprimidos… então, melhor é empinar pandorgas.