“Nossa relação com a felicidade costuma ser muito estúpida”

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Por: Luiz Carlos Prates

25/03/2019 - 08:03 - Atualizada em: 25/03/2019 - 14:31

Como diziam os antigos, não há nada de novo abaixo do sol, o que é já foi e o que foi será. Se alguém tiver
dúvidas que assista a um telejornal ou pegue um jornal, do dia que for, pode ser um exemplar de 90 anos… O que mudará serão os nomes, os endereços e pouco mais.

Tudo igual. Mesmo assim, busco novidades. Peguei um jornalão de São Paulo e fui para o Caderno de Empregos, onde sempre há algo sobre carreiras, trabalho, essas coisas. Fui e dei de cara com esta manchete: – “Dicas para harmonizar carreira e bem-estar”. Interessou-me, faço muito uso dessas observações em minhas palestras em empresas, mas… Como é difícil achar uma novidade.

Nesse artigo o autor escreveu que “Todos devemos entender os nossos limites (no trabalho) e onde está a nossa felicidade”. Parei de ler como quem dá uma freada brusca no trânsito. Essa expressão – onde está a nossa felicidade – é de entortar o bico do ganso. Como se alguém até hoje soubesse onde está a sua própria felicidade. Nossa relação com a felicidade costuma ser muito estúpida. Colocamos a felicidade sempre no lá e no então, você sabe disso.

Vivemos colocando a nossa felicidade lá, em outro lugar, e então, em outro momento, no futuro. Nunca no aqui e agora. E o pior de tudo, quando magicamente chegamos a esse remoto e hipotético lá e então, descobrimos que
a felicidade não está mais lá…

Vale para os milhões de casamentos realizados sob o fogo do falso amor. E isso sem falar que felicidade provoca sentimentos de culpa. Quando uma pessoa se dá por feliz, logo em seguida ela começa a olhar para os lados: – “O que vão pensar, imagina, eu feliz”! Junto a esse sentimento de estranha inquietação vem outro: – Ah, meu Deus, será que eu mereço tanta felicidade? Seja como for, todo piscar de olho que damos visa à felicidade. Matar-se é busca da felicidade…

Sei que essa ideia aterroriza, paciência, mas é a mais sacrossanta das verdades. Não achando outra saída, a pessoa se mata…
Foi a melhor saída encontrada. Já disse, cansativas vezes, a Psicologia é bruxa má, nada tem de fada madrinha, ela não nos chega para deixar “felizes”, mas para nos mostrar a verdade. E a verdade não produz felicidade, não as nossas verdades. Bem sabemos…!