“Nós e os outros”

Por: Luiz Carlos Prates

05/12/2018 - 12:12

Ela é famosa, famosa para as iguais a ela… Mas é famosa, canta na tevê, faz shows, faz desses mundanismos bregas… E fez, dia destes, uma frase reveladora, sim porque quando falamos, quando abrimos a boca, seja para dizer o que for, nos revelamos. Não são as impressões digitais que nos entregam… É a língua.

A tal cantora fez uma frase, como já disse, reveladora, ela suspirou para um repórter: – “Odeio ser solteira”. Já saiu errando, ninguém “é” solteira. A pessoa “está” solteira ou “está” casada, quem “é” alguma coisa não pode modificar essa coisa. Em Teologia, quando se define Deus, diz-se: “Deus é”. Quem é, é, e isso não pode ser modificado. Aliás, houve um ministro que falando com jornalistas disse que não era ministro, que ele “estava” ministro. Disse uma verdade.

Voltemos à cantora. Uma pessoa dizer que odeia estar solteira revela-se uma pessoa insegura, dependente, chata, insuportável. Será que ela nunca ouviu dizer que dos nossos desejos nascem nossos sofrimentos, será que ela nunca ouviu falar em desapego, princípio budista? Casar ou “estar” casado/a é uma contingência, nunca um princípio obrigatório e inerente a quem quer que seja.

Não somos nada, estamos alguma coisa, isso sim. Deus é. E aí não se discute. Quando um idiota diz que “Deus é fiel”, está dizendo uma bobagem, está adjetivando Deus, e Deus não pode ser adjetivado, Deus é. E pronto.

Quanto a odiar “ser” solteira – na verdade, estar solteira – revela daquele tipo de pessoa que não entende que um relacionamento “acontece”, não pode e não deve ser procurado, quem procura deseja e quem chega à realização de um desejo, enjoa… E vai a procurar por outro desejo, no casos dos relacionamentos humanos, outro “amor”.

Claro, falta dizer que quem precisa de alguém, vai depender desse alguém, e felicidade não pode estar na dependência de ninguém mais senão de nós mesmos. Sem esquecer, é óbvio, quem que odeia estar solteira revela que não tem vida interior.

Quem tem vida interior, quando ama, ama, não depende dele ou dela para amar. O amor é uma realização pessoal na alma do outro, mas a pessoa que ama continua sendo ela mesma, nunca se vai odiar. Quando isso acontece, coitada dessa pessoa, é um serzinho. E jamais diga a bobagem, leitora, ah, ele é a minha vida. Nunca diga essa bobagem.

Horror

É tradicional na realeza britânica uma joia ir passando de rainha para rainha ou de rainhas para princesas. Um horror! No “Hoje em Dia”, da TV Record, vi um par de brincos ser arrebatado por uma fortuna em dólares num leilão em Londres. Os brincos tinham mais de 200 anos. Santos Deus, por quantas orelhas aqueles brincos já passaram, quanta energia de outras pessoas… E alguém vai usar aquilo hoje? Que ignorância. E energia pega…

Vida

Nossa energia pode curar os outros? Pode, haja vista os poderes do biomagnetismo, passes espíritas ou curativos, por exemplo. Mas energia também pode derrubar pessoas, dependendo de quem vem e de quem a recebe. É física pura, nenhum esoterismo ou mistério nisso. Cuidemo-nos com o que usamos e com quem convivemos…

Falta dizer

Falta dizer que quem se garante emocionalmente pode respirar tranquilo, dificilmente vai ser atingido pelas energias alheias ou mesmo pelos falsos poderes do olho gordo dos outros. O diacho é achar quem se garanta, a pessoa pode dizer que não crê em bobagens, mas… bate na madeira. Bom, pelo sim e pelo não, me dá uma arruda aí…