O que mais vejo, afinal, treinei os olhos ao longo da vida para “perceber” pessoas, são pessoas bufando a própria vida. Não encontro ninguém sorrindo uma felicidade, que não seria mais do que estar a pessoa em paz. E paz é uma escolha de todos nós.
Já li muito sobre pessoas presas injustamente, como os judeus durante o nazismo de Hitler, pessoas que perderam tudo e mantiveram a fé, a paz, e isso as salvou a vida.
Nós aqui e hoje na folgança, nos confortos, nas liberdades excessivas, com tudo pela frente para estudar, trabalhar, casar, gozar a vida, enfim, e, todavia, rangendo dentes… São os depressivos existenciais, os covardes da vida, maioria absoluta do que anda por aí. E sem fazer biquinho…
Falta consciência às pessoas. Falta consciência para a gratidão à vida ou ao deus de cada um… Afinal, estar vivo, saudável e livre nos coloca numa condição de conquistar tudo o mais… E o que é esse mais? Pouquíssimos sabem. E disso resulta que muitas pessoas mais tarde vão olhar para trás e suspirar pela felicidade de que gozavam e não se deram conta. Vai doer muito.
Já vi e ouvi pessoas garantindo que este ano de 2017 vai-lhes ser o ano da vida, ah, vão mudar muito, ousar mais e esquecer bobagens… Claro que não, não vão fazer isso, não mesmo. Promessa de lábios nada vale, valem as silenciosas promessas realizadas pelo suor da testa, que se confundem com o odor do melhor da alma disposta à liberdade e ao crescimento.
Dia destes, vi na televisão um programa sobre andarilhos, pessoas – sem rumo definido – que vão e vêm pelas laterais das estradas da vida. Todos eles bem conscientes do que fazem, e pessoas garantidamente do bem, se não fossem, estariam presas, procuradas pelo polícia, enfim. E todos os andarilhos parecem ter combinado, todos exaltavam a liberdade em que viviam… Coitados, se enganam, tentam se enganar. O andarilho é um fugitivo de si mesmo, como nós, os “saudáveis”, vivemos fugindo para os abrigos das nossas neuroses, para as malditas depressões dos pusilânimes da vida, afinal, depressão não é doença, vivemos fugindo para as drogas, para as loucuras que a sociedade tolera, mas que infernizam e matam a todos, mais cedo do que muitos imaginam. E a primeira das mortes é a da liberdade e dos encantamentos da alma, uma riqueza possível a todos. Sabes de mais? Perdi meu tempo, perdi comigo mesmo…
Coelho
Coelho, você sabe, só existe um… Esse mesmo, o Paulo. Pois o nosso maior escritor de todos os tempos escreveu esta frase: – “Me perdoe, ó, Senhor, pelas vezes em que esqueço de dizer obrigado”… Em outras palavras, lembrar a todo momento as graças de que gozamos sem nos dar conta… Aliás, obrigado a você por estar correndo os olhos por nossas páginas!
Falta dizer
Sim, Prates, mas o que são graças? Tudo. Sair da cama pela manhã, o café, as roupas, os amigos, o sol, os pais, os colegas, as árvores, tudo da vida.