“Ninguém muda”

Por: Luiz Carlos Prates

14/08/2018 - 12:08

Acabei de ler uma frase de uma mulher que escreveu para uma revista contando sua história de casada e pedindo um conselho. Uma ingênua. Coitada.

Leio tudo o que posso e ouço todas as histórias que me contam sobre casamentos, vida de casados. Todos os casais têm histórias, muitas de horror; raríssimas de príncipes e princesas, claro, num sentido figurado. Bem mais histórias de horrores que de flores.

Essa mulher angustiada, da revista que li e que pedia conselho, disse a certa altura sobre o marido que – “Fulano mudou muito depois do casamento”. Aí está uma frase sobre a qual já falei muito, bah, cansativamente. Você lembra, leitora, quando falei de uma outra mulher que um dia disse à mãe dela que… “O fulano agora está mostrando as garras”? Ela se referia ao marido.

Bolas, ninguém mostra “as garras” só depois do casamento, as garras sempre estiveram ali, o sujeito pode até tentar escondê-las, a encantada é que não quis vê-las na hora certa… Não quis, eu disse. Se quisesse teria visto as tais garras, isto é, o caráter do amado…

Essa da revista de agora, que diz que o Fulano mudou muito depois do casamento, é uma tonta, como multidões de outras iguais a ela. Agora, uma coisa tem que ser dita. A pessoa pode não ter “garras” a mostrar, mas depois de um certo tempo de relacionamento, todos mudamos, todos, sem exceção.

Aliás, não é mudar, é voltar a ser o que a pessoa sempre foi. As mudanças ocorridas durante o tempo de namoro, de conquista, foram mudanças estratégicas para conquistar o par, lográ-lo para “a posse” e o “acasalamento” futuro e desejado. Só isso. Esse tempo é muito curto diante da proposta de “até que a morte os separe”.

Para que um casamento dure é preciso que ele vá além do desejo sexual, esse desejo é saciado em poucos meses, depois vem o embotamento do desejo. E a relação só poderá durar, valer a pena, se o caráter dos dois for de boa qualidade.

O que faz durar um casamento é o caráter, é o gostar de estar com o outro pelo agradável do companheirismo. Quando “começamos” a mudar depois de um tempo de casamento, tudo bem, desde que a mudança seja para o excelente no companheirismo. Não sendo assim, melhor é cair fora. Mas fique claro, todos mudamos depois de um tempo de casados.

Idealização

Muito do fracasso dos casamentos vem da idealização que elas fazem do parceiro. Veem no sujeito virtudes que ele não tem, ou não veem graves defeitos que ele tem. Passado um tempinho, caem as máscaras, chegam a realidade, as frustrações, os sofrimentos, as verdades. É tarde. E se elas erguerem a voz, correrão sérios riscos. Melhor é ter olhos de ver “antes” de os problemas se instalarem. Mas a paixão as entontece.

Vadios

São saudáveis e estão na idade de puxar a carroça da vida, mas… Ouça esta manchete: – “Número de brasileiros que não trabalham nem procuram vaga é recorde”. São indolentes, acomodados e devem depender de alguém. E talvez batam panelas contra o governo. Falta de laço. Vadios.

Falta dizer

Dia destes, uma mulher ganhou um concurso de cozinha na televisão. Muitos não gostaram da vitória dela e a torpedearam de críticas. Ela respondeu dizendo que – “Me odeiam por eu ser bonita e competente”. Ela tem toda a razão. As mulheres não suportam bonitas e competentes e os homens mais ainda, bah, esses não querem saber. Mulher, para eles, tem que ser bonita, e burra, tosca. Frouxos de uma figa, não se garantem…