Nascidos para as trevas

Por: Luiz Carlos Prates

23/04/2016 - 04:04

Bem diz o provérbio – No muito saber está a angústia. De fato, uma cabeça cheia de ideias, de informações, de saberes, é uma cabeça afeita à depressão, aos afundamentos do ânimo.

A frase passou por mim grudada no parachoque do caminhão: – “A função da mente é criar infelicidade”. Na verdade, não sei se o caminhão de fato passou ou se alucinei ao meio dos meus tantos e tantos pensamentos inúteis. Mas é fato, a mente só nos cria infelicidades. Mas bem que podia criar felicidades, afinal, a felicidade, ou sua irmã gêmea, a infelicidade, não resulta senão de atos do pensamento.

Sabes aquela história do – o que os olhos não veem o coração não sente? E por que o coração sofre após as percepções da visão? Exatamente por isso, qualquer que seja a imagem a nos chegar à visão é imediatamente traduzida pelos valores previamente assentados na mente. Sem a informação visual esses valores ficariam quietos no canto deles. E diante da opção de ver o melhor, fazemos força para ver o pior…

Toda esta conversa, leitora, é para reafirmar uma verdade tão velha quanto Adão limpando as unhas no paraíso: o sofrimento ou a felicidade só existe num ato de consciência da mente. Sem isso, nada feito, não existimos.

Sim, tudo bem, mas sabendo disso, por que então não somos felizes se a felicidade depende apenas do modo de pensar? Por que somos atraídos, e isso é irreversível na condição humana, ao pecado, às brumas, aos precipícios do que há de pior nas possibilidades do pensamento. Pensar numa flor, nem pensar. E daí pulamos logo para pensar numa safadeza, num prejuízo, num dano, num medo, em algo, enfim, que nos faça sofrer. É uma tendência do ser humano. Temos dentro de nós a possibilidade do paraíso, da felicidade, mas optamos pelo brumoso da infelicidade, do pensar sempre no pior. Entre Eros, o deus do amor, da paz, da elevação da vida, preferimos Tanatos, o diabo do terror, da destruição, do nada… O ser humano nasceu para as trevas, ainda que tenha dentro de si as luzes da felicidade, tudo nas potencialidades dos pensamentos.

– Ah, e para terminar, tente por meia hora que seja não pensar em nada que lhe seja ruim, tente… Dou-lhe até o próximo milênio para conseguir…

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