“Mural da escola”

Por: Luiz Carlos Prates

13/02/2019 - 10:02 - Atualizada em: 13/02/2019 - 10:38

Professora, vou pedir sua ajuda. Recorte esta nossa conversa e coloque-a no mural da escola, ou num canto do quadro-negro aí na sua sala de aula. Obrigado. É um aviso para todos os alunos, todos, mas… De modo especial para os que se consideram pobres ou eventualmente discriminados, seja pela razão que for.

Alô, guris e gurias, prestem atenção, deixem de ser paspalhos por alguns minutos e prestem atenção. Ouçam:

O ano letivo está começando, como vivo dizendo, ninguém ainda tirou 10 ou zero, ninguém, todos estão na largada da maratona de estudos deste ano. Sem desculpas até agora, e sem desculpas lá pelo fim do ano.

Ouçam bem. Se lá fora, na sociedade dos adultos idiotas, as pessoas são avaliadas e respeitadas pelo saldo bancário, pelos carros que dirigem, pela casa onde moram, pelos exibicionismos típicos dos idiotas, aqui na escola todos, todos, sem exceção, têm potencialmente o mesmo poder. O que é potencialmente?

É capacidade ser tornar-se, tornar-se um bom aluno, aluna, tornar-se gente. Essa capacidade independe da família, se o pai e a mãe têm dinheiro ou não… Aqui dentro da escola o que vale é bom comportamento e boas notas.

E boas notas não são propriedades de ninguém, senão… dos bons alunos, dos que estudam. Estou avisando antes, bem antes, não me venha alguém mais tarde dizer que a professora não gosta de mim, que sou discriminado, que me chamam disso ou daquilo.

Tudo isso é desculpa ou pode ser anulado pela proficiência em sala de aula. Quem estuda cala os que não estudam, quem se comporta como gente educada irrita os mal-educados, e… Esse é o caminho do sucesso. Ninguém, ninguém mesmo, ouçam bem, está fora dessa possibilidade de sucesso. Claro, os vadios, os mandriões estão…

– Ah, e antes que esqueça, a responsabilidade de vocês, guris e gurias, não é outra se não estudar, estudar todos os dias depois das aulas, estudar e se comportar como gente em sala de aula. Feito isso, podem ficar tranquilas/os, terão boas notas, terão aprovação garantida já lá pelo mês de agosto… Simples e barbara, não lhes parece? Acho bom.

Estão avisados, não provoquem cartões amarelos e muito menos vermelhos. Estão avisados. De outro modo, não escaparão, serão mandriões, vadios e tudo o de pior que for, sem preconceitos nem discriminações, apenas verdades. Aviso dado. Aos livros!

Verdade

Já falei disso aqui, mas a vida é repetição… Quando uma criança faz um desenho, uns rabiscos quaisquer, e estende a mão para mostrar à vó, à tia, à mãe, quem for, a pessoa não deve dizer que está maravilhoso, que desenho lindo, que obra-prima, nada disso. Só se o desenho de fato for uma beleza, mas não costuma ser. Dizer que uns rabiscos são maravilhosos engana a criança. Diga, ah, que interessante! E nada mais. Educa e não ilude.

Música

Num programa sertanejo na TV Cultura, uma veterana cantava uma música que falava em “café quentinho, bolinho de fubá, um botão de rosa em flor e… um canário cantando na gaiola”. Insinuava-se um cenário poético e saudoso… Pois é, mas amaldiçoei a letra da música e o compositor. Canário em gaiola não canta, geme… Abram as gaiolas, infelizes!

Falta dizer

Acabei de ler num livro de vendas. Os três requisitos básicos para alguém ser um bom vendedor. Ambição, entusiasmo e organização. Ah, mas espere um pouco, essas três virtudes são indispensáveis em qualquer trabalho. São, mas também são raras as três numa pessoa só. Vêm muito daí as nossas crises…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.