Viver não é fácil

Por: Luiz Carlos Prates

18/12/2017 - 13:12

Tudo bem, faço-lhe uma concessão, viver pode, sim, não ser tão difícil… Mas você precisa usar uma viseira para não ver os olhos alheios. São os olhos alheios, os conceitos alheios, o que mais ferra a vida das pessoas. Imagine alguém não pensar bem de você ou não pensar que estás numa boa…, imagine. Entras em espiral se isso acontecer.

Deixe-me apresentar o assunto. É o seguinte, acabei de ler uma afirmação de um jovem empreendedor e… gostei. Aliás, descaradamente gostei, sempre gostamos e concordamos com quem pensa igual a nós, somos despudorados quanto a isso. Podes prestar atenção, sempre vais concordar com quem pensa igual a ti… É como se fôssemos, cada um de nós, o rei Sol, o centro do mundinho em que vivemos. Mas vamos lá, vamos “ouvir” o jovem empreendedor. Ele disse que – “Desapegar-se de saber o que os outros estão fazendo ou dizendo dá uma sensação de desconectar-se do mundo. As pessoas têm medo de serem esquecidas”. Perfeito. Aí está a razão do porquê tantos milhões de pessoas andarem para lá e para cá, ridículas, com o celular na palma da mão. O celular devia ser para dizer ao pai ou a mãe que já voltamos, que daqui a pouco estaremos em casa. Ou dizer à mulher, ao marido, que vamos nos atrasar, o ônibus passou mais cedo… Mas não, o celular é quase só usado para tolices, alguma dúvida? O celular rarissimamente é usado para “comunicação”.  

Esses esgotos chamados de redes sociais são abastecidos pelo desespero solitário das pessoas, elas precisam saber que “existem” para os outros, não se dando conta, todavia, que os outros estão nem aí para elas… Todos mentem, todos se dizem bem, todos se dizem ocupados, felizes, sem tempo a perder, mas… perdendo muito tempo com os vazios das redes sociais. Para a maioria das pessoas “parecer” ser é muito melhor que ser… De que me adianta “ser” se ninguém ficar sabendo disso? É bem melhor que pensem que estou ótimo, bem de grana, feliz no casamento, no trabalho, na vida… Mas, só nós sabemos que ardemos num inferno, “aquele” inferno só nosso… A que ponto chegamos, parecer ser é melhor que ser. Ah, e para terminar, não acredite numa palha do que você lê nas redes sociais do celular, tudo mentira, armação. E bem sabemos por nós mesmos…

LÍNGUA

Jovens, não sejam burros! Ouçam esta (de uma empresa de eletrônicos) e caiam fora: – “O lançamento de fones capazes de traduzir, quase que instantaneamente, frases em dezenas de idiomas promete demolir as fronteiras linguísticas que separam os povos”. No meio da rua, no meio do mato, numa festa, você não vai usar fones, vai ter que usar a cabeça, a memória, o conhecimento. Então, busque uma escola e aprenda um idioma de verdade, os fones serão seus ouvidos inteligentes e sua língua competente a melhor caixa de som…

DEBATES

Afiar o raciocínio é bom exercício de Oratória. Exemplo? Numa aula de Português, o professor pede ao aluno A que “prove” a existência de Deus, e ao aluno B que “prove” a inexistência. Pede a uma aluna que detone com a “moda” e a outra que defenda a “moda”. Argumentar contra o que habitualmente pensamos ilumina, faz bem ao raciocínio e à fala rápida e competente. Ó, que pena, perdi meu tempo.

FALTA DIZER

O que mais falta em nossas salas de aulas? Aulas de canto orfeônico, de declamações, poesias, debates “teatrais” sobre verdades da vida, aulas, enfim, que humanizem e elevem os espíritos. Seriam jovens saindo um pouco mais dos imbecilizantes celulares…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.