Um poder de todos

Por: Luiz Carlos Prates

22/03/2018 - 12:03

Quando digo que a melhor “defesa pessoal” de uma mulher é um livro, ou livros, digo uma obviedade constrangedora. Pois vou repetir essa obviedade cansativa: uma mulher que lê tem ideias na cabeça, sabe da vida, de como se defender com sabedoria e dignidade, não precisa da Lei Maria da Penha para se impor. Impor é a palavra. Mas essas mulheres são poucas, raras, bem raras. O que anda por aí, credo, saiamos da frente. Fazem tudo por um imbecil e tudo o que o imbecil as manda fazer ou as proíbe. Regra geral; claro, comportadas as exceções. O diacho é que ao falar de exceções, todas levantam o dedo e querem o direito de passar…

Dia destes, li uma entrevista de uma das nossas melhores atrizes de novelas na televisão, 90 anos… Ela disse que a inteligência é muito melhor que a beleza. Claro, ela devia estar falando das mulheres, para quem ser bonita é o grande barato na vida. Elas morrem mais cedo tanto que inquietam o coração e os batimentos cardíacos nessa busca insana pela beleza. Beleza, óbvio, para agradar os paspalhos de bermuda…

Inteligência pressupõe vários raciocínios, não é, por exemplo, ter exímia competência em matemática… É ter sensibilidade de compreensão e percepção, é ter amor-próprio, boa autoestima, saber-se valer e preservar a independência diante de circunstâncias em que a maioria das mulheres sucumbe… Muito dessa “inteligência” vem das entranhas da mulher, mas muito dessa inteligência também vem da primeira infância, da qualidade da educação que os pais deram à filha, filhas. Coisa de pouca gente.

Beleza é vendaval, vem e passa. E quando passa não sobra nada… Já a inteligência é como dinheiro investido: cresce, garante estabilidade aos que nela investiram, produz felicidade, enfim. Já a beleza – e quantos casos conhecemos? – produziu decepções, depressões e mortes precoces… Tanto a morte propriamente dita quanto a morte das ilusões e dos castelos no ar, coisas típicas de quem alicerça a vida nos frágeis tijolos da beleza.

Ser pessoa bonita nem todos podem ser, inteligentes todas podem. Já disse, inteligência não é sinônimo de genialidade numa ciência ou arte, é sinônimo de equilíbrio emocional, vida plena, saudável e feliz. Todos podem, desde que abram espaço para a sensibilidade e cuidem-se das vaidades do que vem e vai num átimo de vida: a beleza. Não é mesmo, leitora? Eu disse leitora…

Leitura

Mais uma vez pesquisas desalentadoras sobre nós, brasileiros. No Jornal Nacional, o pessoal comentando que só 8% dos brasileiros sabem ler e compreender o que leem. E a leitura, você sabe, envolve 1) a decodificação dos símbolos, 2) a compreensão do texto 3) a postura crítica do leitor diante do que lê 4) a capacidade de retenção na memória e 5) a evocação quando necessária. A maioria do nosso povo fica na superfície achando que sabe ler. Não sabe. E o problema com os jovens é cada vez mais crítico. Mesmo com os “doutorzinhos”, aliás, os piores. Mas tente tirá-los dos WhatsApp, tente. Os abobados, “analfas”, se acham.

Ele

Vi na televisão e não acreditei. Um corrupto, ex-diretor de uma grande estatal brasileira, preso por corrupção, mas… na lapela do casaco dele uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. O típico sepulcro caiado de que falava o Cristo. Posa de bacana por fora e por dentro é podre. Tira a Santinha daí, ordinário!

Falta dizer

Ouça essa, leitora: as montanhas podem mudar de lugar, sim, mas não creia que um bermudão safado pode mudar de caráter. Mande-o passear na primeira ocasião em que esse caráter aparecer. E ele aparece a todo momento.