Os venenos nossos que absorvemos a cada dia

Por: Luiz Carlos Prates

07/12/2017 - 11:12 - Atualizada em: 14/05/2018 - 14:36

É um rito. Por volta das 5h30, ou 17h30, de todas as tardes preparo meu chimarrão, vou tomá-lo esperando pelo “Tempo de Amar”, minha novela imperdível. Mas… enquanto espero pelo “Tempo de Amar”, tomo meu chimarrão e giro entre Record e Band, vendo os programas policiais… Babaca! Hein? Babaca, já disse. Eu, eu mesmo em carne e osso.

Tomar chimarrão é um rito que envolve paz, descanso, pensar nos anjos e sonhar com os paraísos da vida. Se não for assim, que o sujeito vá capinar. O chimarrão não pode ser misturado a sangue, estupros, homicídios e todo tipo de torpeza de que são capazes os bandidos. É o que vejo nas tevês… Argumento que vejo por necessidade profissional, afinal, um jornalista de opinião não pode ser um tapado a nada saber do que acontece. Ainda assim, a hora do chimarrão “devia” ser de paz, quase sagrada. Acabo fazendo da hora do chimarrão uma encrenca, um bufar de ódios contra bandidos a quem desejo a morte. Veneno puro.

E dia destes fiquei a pensar, nós nos envenenamos, querendo ou não, a todo momento, um veneno com reflexos diretos sobre o corpo físico, afinal, sem a cabeça pensante e os sentidos funcionando ninguém jamais adoecerá no corpo físico…

Nossos pensamentos, nossas palavras, nossos ouvidos, nossos olhos trazem para nós todo tipo de prazer ou dor. Muito mais dor que prazer. E vem dessa verdade a principal razão de o ser humano ter tantas dificuldades para ser feliz… Sempre haverá um veneno a nos fustigar, ou pelo pensamento ou pelos olhos ou chegando pelo ouvidos ou saindo pelas palavras… Difícil escapar.

Mas misturar o amargo/doce chimarrão com casos de polícia é burrice. Defendo-me dizendo que preciso estar informado. Tudo bem, seu estúpido, mas precisas ficar bem informado justamente na hora do chimarrão? O que faço muitos fazem parecido; bom, não vamos longe, americanos (bisbilhoteiros de todas as pesquisas) já não disseram que tem quem faça sexo com o celular ao lado do travesseiro?

Que o sujeito mal terminado o “serviço” e já se gruda no celular… Esse é o ser humano. Buscamos os nossos venenos e depois gememos. Mas o pior de tudo é saber que há quem pense que esses estímulos que nos chegam pelos mais diversos sentidos são apenas estímulos, que não afetam as nossas tripas… A ignorância é mesmo mãe de todos os óbitos…

Já estou olhando para o relógio, a esperar pelas 5h30 da tarde…

 

EMBUSTEIROS

De fato, diante de quem tenha olhos de ver e ouvidos de ouvir, nada escapa… O escritor russo Leon Tolstói (1828-1910) indignava-se com o que via. Por exemplo… “Era difícil para ele engolir a distância que via entre a adesão verbal de membros da elite russa à fé cristã e o comportamento nada cristão de tais pessoas”. Na mosca. Mas é exatamente o que continua acontecendo, mentirosos vão à missa e pecam como diabos. Exceção? Apresente-me uma…

 

REJEITE

Farsantes do “coach”, essa bobagem que inventaram para tapear estultos, estão querendo fazer o papel de psicólogos. É embuste e crime. Ademais, já disse, só pode ser coach um “veterano/veterana” com larga experiência em alguma área de trabalho. É assim nos Estados Unidos, onde essa história começou. Aqui os coaches são os que não dão para nada. Exceção? Também não conheço. Cuidado, não jogue dinheiro fora.

 

FALTA DIZER

E outra coisa. Aí pela internet há muitíssimos “professores” prometendo ensinar (e você aprender) inglês em duas ou três semanas. São casos de polícia, de Procon. Queres aprender inglês? Procure um curso regular aqui da cidade.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.