Borboletas sem asas

Por: Luiz Carlos Prates

04/04/2018 - 12:04 - Atualizada em: 14/05/2018 - 14:17

Sem perder muito tempo, posso lhe fazer uma pergunta? Obrigado. Diga-me, você gostaria de estar entre a maioria? Pode pensar.

Gostei, resposta inteligente. De fato, estar entre a maioria tanto pode ser um bem quanto um mal, depende de maioria. Falando nisso, lembro de uma frase do escritor americano John Stuart Mill a quem um dia foi perguntado se era possível passar pela vida sem ser feliz. Ele respondeu que sim, afinal, 90% dos humanos que passam pela Terra não conhecem ou conheceram a felicidade…

O que me traz a esta nossa charla de hoje, leitora/or, é a história de vida de um “manezinho”, como são chamados os nativos da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis. Eu o conheci já bem vivido, para não chamá-lo de velho.

Esse cidadão viveu o tempo todo de pequenos plantios que ele mesmo fazia, e de biscates de todo tipo. E vivia muito bem, não tinha ideias de materialismo, de acumular ou ser mais do que era. Era feliz ao seu modo. E havia algo de muito interessante na vida do “seo” Lúcio. Ele nascera e crescera na ilha de Florianópolis, nunca saíra da ilha para nada, nunca. Só saiu aos 70 anos e… por descuido. Nunca tivera a mínima razão e interesse para cruzar a ponte e atrever-se num “novo mundo”. Era plenamente feliz onde estava e isso para ele era o bastante. Para que sair? Era felicíssimo ali, num pedacinho de terra cercado de água por todos os lados, como diz o Hino de Florianópolis. Mas como para tudo na vida, sempre há uma primeira vez…

Um dia, alguns amigos fizeram a cabeça do “seo” Lúcio, o convidaram para ir a um baile, disso ele gostava, mas um baile diferente, um baile só para os da terceira idade, “daqueles” bailes que viraram febre. Ele aceitou e foi. Mas nunca imaginara que seria fora da Ilha. Quando chegou ao baile e descobriu que havia atravessado a ponte, que estava no Continente, quase outro país, não acreditou. Mas aproveitou o baile e voltou para casa. Nunca mais saiu. Morreu logo depois.

“Seo” Lúcio foi muito, muito feliz, morando a vida toda num “pedacinho de terra” cercado de água por todos os lados. E disso, fico a pensar sobre os quantos e quantos que andam pelo mundo, uma viagem atrás da outra e… infelizes como borboletas sem asas. Coitados da maioria…

Novidade

Santo Deus, ao meio de tanta estupidez na programação das tevês, de repente, aparece algo de interessante, criativo… É o que está fazendo a Globo News. Está pedindo que o pessoal grave e mande um vídeo segurando um livro e dizendo que livro está lendo. Bah, essa sim é uma boa. Mas serão tão poucos, tão poucos os vídeos recebidos que a produção da TV vai ficar lixando as unhas…

Casais

Quanto mais pobre (de cabeça) o casal, mais eles gostam de comer fora… Coitados. Cadernos de economia dos jornais dizem que a crise econômica está passando e… que as famílias vão retomando seus hábitos, como comer fora. Comer fora por quê? Isso se faz lá uma vez que outra ao ano, uma vez que outra e olhe lá… Mas vá dizer isso aos casais que não se suportam… E por não se suportarem vivem com um pé na rua. É isso, mas eles não querem ver…

Falta dizer

Manchete: – “SUS vai oferecer mais 10 terapias alternativas”. Terapias do tipo Reiki, Florais, essas coisas. De nada vai adiantar se a cabeça dos “sujismundos” da vida não mudar. E não vai mudar…