Livre coisa nenhuma – Leia a coluna de Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

02/09/2022 - 05:09

Uma pergunta para esquentar a conversa, leitora: – Você acha que temos liberdade para pensar o que bem entendemos? Concordo, temos. Contudo, costumamos pensar com a corda no pescoço, a corda da educação que nos foi dada na primeira infância, no escaldante “período de molde”, que vai do nascimento até aos 5, 6 anos no máximo. Daí para frente, nossa liberdade estará no condicionamento do que nos foi ensinado, do que ouvimos e vimos nesse tempo de vida. Muitos querem mexer na Psicologia, criando falsas e insustentáveis práticas, como, por exemplo, a Psicologia Positiva.

Não existe Psicologia Positiva, o que existe é um modo eventualmente positivo de a pessoa pensar, mas… Cuidado. Acabei de ler a recomendação de um “psicólogo” dessa moderna e fajuta psicologia do positivo. Ele dizia que – “Cada um de nós é responsável por sua vida”. Sim e não. Tudo até certo ponto, porque é bom não esquecer que “somos nós e nossas circunstâncias”. Somos livres para pensar o que bem entendermos, mas raramente podemos pôr em prática de modo integral essa possibilidade. Quero ser livre, sair por aí chutando latas, assoviando, olhando para o céu e nem aí para nada mais, certo? Se eu for pessoa sozinha na vida é até, quem sabe, possível.

Mas como fazer isso deixando de lado pessoas que me importam na vida? Como trair confianças e investimentos que fizeram em nós. Estou condicionado pela educação que me foi dada na primeira infância, presumidamente boa educação. E diante dessa história de que – “Cada um de nós é responsável por sua vida”, passa a nada valer. Claro que posso fazer o que bem entendo da minha vida, até ali… Quantos de nós têm certas vontades “loucas”, possíveis de fazer, mas impossíveis diante da nossa moral e dos deveres que ela nos fez assumir ao longo da vida?

Quando foi dito, há milênios, que nós somos nós e nossos pensamentos, sim, é verdade. Mas só dentro dos pensamentos. Uma coisa é ter um pensamento, uma vontade, outra é poder pô-la em prática e sair por aí. Você, leitora, neste momento, pedir demissão do emprego… E como é que vão ficar seus filhos, sua família e, vamos lá, você mesma? Conversa mole essa de que cada um é responsável por sua vida no sentido de poder fazer o que se bem entende.

CARÁTER

Num pequeno supermercado onde eu fazia compras, em Florianópolis, havia um jovem muito atirado, arrumava produtos nas gôndolas e limpava a área, mas fazia tudo como a cara dele. Um mandrião. Meses depois, encontrei-o na rua e ele já saiu me contando que botara o supermercado na Justiça ao ser demitido. E o diacho é que um diabo desses, quase sempre, ganha a causa trabalhista. É duro se empregador no Brasil, bah!

DESABAFOS

Quando alguém, confiando em nós, faz um desabafo sobre um mau momento por que está passando, nunca digamos que – Isso é bobagem, você não tem motivos para estar assim… Ou então: – Você está fazendo drama… Ou ainda dizer – Isso é frescura sua! Nunca desmoralizar a pessoa diante dos seus sofrimentos. O que pensamos é o que pensamos e não o que a outra pessoa está sofrendo. Ombro amigo faz bem!

FALTA DIZER

As mulheres são livres? Conheço o caso de uma mulher que foi namorada pelo chefe, casou com ele, mas… Teve que sair do emprego. “Maravilha”, no começo… Mais tarde, divórcio. Ela ficou sem nada. Pergunta: por que não foi ele quem pediu demissão? Sejam espertas, mulheres. Eles são.