Língua e sensibilidade

Por: Luiz Carlos Prates

20/05/2016 - 08:05 - Atualizada em: 20/05/2016 - 08:49

Acabei de ler, mais uma vez, uma refinada estupidez passada adiante como norma de conduta, de conduta adequada, mas não é. É uma baita grosseria, isso sim. Antes de dizer do que se trata, preciso dar algumas voltas para que tudo fique mais claro.

Vamos imaginar que você ande pela calçada e de repente encontre um amigo que fazia bom tempo não o via. Você e ele trocam as saudações iniciais, e o amigo, sem piscar, diz a você: – Mas como estás gordo/a, o que houve contigo? Mesmo que fosse verdade, o que você diria? Outra hipótese. Você reencontra um amigo e ele diz a você: – Meu Deus, como estás branca, pálida, estás doente? E você acaba de voltar da praia, está ótimo. O que diria dessas observações dos amigos? Só podia pensar que ambos são uns estúpidos refinados, não se diz isso assim, na lata, para quem quer que seja, até porque pode ser equívoco, os caras estão vendo mal, o mal está nos olhos deles. Muito comum esse tipo de observações de parte das pessoas.

E agora cito o que me traz a esta conversa, é um artigo que li na revista Época Negócios. A estupidez se referia à relação médico/paciente quando o médico tem que revelar ao paciente sobre a gravidade de sua moléstia. Dizia exatamente assim:

– “Para um médico, é melhor comunicar a má notícia ao paciente logo de cara – nos casos em que não há esperança de recuperação – e usar o resto da conversa para confortá-lo…”

Confortá-lo, estúpidos? Como é que se conforta alguém que ouve que vai morrer em breve, hein, estúpidos? Ademais, não há moléstia incurável, o que pode haver é medicação desconhecida, tratamento desconhecido, mas isso não impossibilita uma cura eventual, possível, para muitos chamada de “milagrosa”… Os tapados não sabem disso? Não, não sabem, não se dão conta de que são mal-educados. Não se tira a esperança de ninguém, de ninguém, sob a situação que for… Deus nos perdoe com esse tipo de gente, de gentalha.

Ora bolas, dizer que a pessoa vai morrer e em seguida confortá-la, ora bolas. Mas é assim, com médicos estúpidos e pessoas estúpidas é assim…

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