“Lá vai ele, feliz”

Por: Luiz Carlos Prates

04/07/2018 - 12:07

Impossível ser feliz. Será? Ser feliz é o que procuramos desde a saída do paraíso, e paraíso só há um: o ventre materno. No ventre materno ninguém é pobre ou rico, todos somos felizes, pelo menos até… a expulsão do paraíso.

Tenho uma razão para dizer o que digo. E a razão a encontrei numa edição da revista Runner’s – corredores ou maratonistas. Nessa revista, li a declaração de uma jovem mulher sobre seus problemas emocionais. Aliás, não há problemas senão emocionais… Eles vêm de nossas faltas, angústias, medos, ódios, frustrações, loucuras de toda sorte e, claro, da fada madrinha da modernidade: a depressão.

Essa mulher da reportagem dizia dos seus esforços para manter a forma física, as corridas e exercícios que faz, mas… tudo vem por água abaixo depois de uma certa hora, quando ela vai visitar sua melhor amiga: a geladeira. É na geladeira que ela recupera o peso que perdeu nos duros exercícios a que se submete todos os dias. Mas ela mesma sabe da origem dessas quedas em tentação diante da geladeira: compensar necessidades psicológicas.

Todos temos uma vida emocional encrencada por nossas frustrações, sonhos não realizados, sentimento de culpa, incapacitações, de tudo um pouco. É preciso compensar essas frustrações. E a compensação tem que ser em forma de prazer. E a boca é a porta de entrada dos melhores prazeres da vida, tudo começa quando somos expulsos do “paraíso” – do ventre materno – e chegamos ao mundo chorando e querendo… seio. O seio da mãe nos vincula à nossa primeira fase de vida, a oral, em que satisfazemos nossas necessidades físicas e emocionais pela boca. Ninguém escapa.

Nossas compensações podem vir também por meios tortos, por bebidas e drogas. Não importa, é compensação. O consumo de drogas começa por uma necessidade emocional. E depois pode virar dependência, mas será sempre a busca de um prazer.

Compensar frustrações existenciais – e todas as temos – com ações boas chama-se sublimação em psicanálise. É o que leva, por exemplo, pessoas para a caridade, para a assistência social, para ajudar o próximo… Pessoas frustradas compensando frustrações. Tudo inconsciente. Temos que ter cuidado com as compensações. Mais das vezes, elas no abatem. Espere, vejo um cachorrinho passando lá do outro lado da rua agora. Feliz. Ele não tem frustrações existenciais. Já os “racionais” morrem por elas. Idiotas.

Conselho

O conselho estava numa revista, dizia assim: – “Não mude para que os outros passem a gostar de você. Seja você mesmo e as pessoas certas vão amar quem você é de verdade”! Ser como somos, sem retoques e cuidados especiais na relação com as pessoas, vai fazê-las fugir de nós. Sem “máscaras” somos insuportáveis. Educação e controle emocional fazem bem à vida. “Cara limpa” assusta…

Falta dizer

Florianópolis… O marido se acha o tal. E a mulher, jovem, bonita e insegura, vive fazendo retoques faciais para não perder a beleza e não decepcionar o “patrão”: o marido. Coitada. Quando “acordar” lhe vai ser tarde, muito tarde.