Ir ao banheiro – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

09/03/2023 - 05:03 - Atualizada em: 09/03/2023 - 08:16

Os gregos milenares diziam que há um mundo diferente para cada um de nós. Todos vivemos num mundo diferente. E dessa observação incontestável, estudamos, nos cursos de Psicologia, a cadeira chamada de – “O mundo dos diferentes percebedores”. Bem oportuno.

Digo isso, leitora, tendo acabado de ler um texto que vou resumi-lo assim: – “Tudo que pareça favorável não é o mesmo que seja realmente favorável, porque às vezes, de tanto desejar um resultado, a alma fica completamente cega a todos os detalhes que compõem o cenário…” E por aí vai.

E essa verdade, na verdade uma confusão mental originada pelo desejo, é que leva a maioria das pessoas aos “ajuntamentos” afetivos errados. O sujeito, ele ou ela, vai a uma festa e nessa festa vê um determinado tipo de pessoa. Cai de amor por ela. Como se amor fosse assim, uma fecha disparada e puft, o outro estaria “derrubado”, conquistado.

Amor exige tempo para armar sua tenda no coração de uma pessoa, só que os ansiosos, inseguros, desvalidos da vida, tendem a confundir determinados “desenhos” de pessoas como amor, amor à primeira vista, dizem os “inocentes” que não sabem que isso não existe.

O que existe é darmos de cara, sem aviso prévio, com alguém que se aproxima do desenho que um dia fizemos dos tipos que mais nos atraem. Só que o erro está em pensarmos que o desenho de um corpo pode produzir amor.

E isso vale para tudo. Nossas ânsias distorcem nossas percepções, acabamos por ver o que não existe, senão como fantasia de nossos desejos outrora frustrados. Há um velho ditado que diz – “Cuidado, o santo é de barro”.

Pura verdade, cuidado para que os “crentes” não tropecem e derrubem do andor o “santo” que está sendo levado. Ele vai se esborrachar… Cuidado. No andor da vida, os “santos” somos nós, e quem nos carrega somos nós mesmos.

Nossos valores, nossas crenças, o que nos foi ensinado na infância, o arrastar-se, enfim, ao longo do tempo nos fez ser o que somos e assim ver a vida, um modo pessoalíssimo. Melhor ou pior, mais das vezes equívocos.

O que nos parece favorável, cuidado. Pode ser uma tremenda furada. E o culpado? Ah, é fácil de encontrá-lo ou encontrá-la. É só ir ao banheiro. O culpado estará lá, refletido no espelho.

ÉTICA

Estamos tão acostumados a viver cercado de pessoas sem escrúpulos que nos anestesiamos. Acabei de ouvir um produtor de bolachas dizer que – “Precisamos diminuir as embalagens dos nossos produtos para manter os preços”. Não, não mantiveram os preços, seu cara-de-pau! Estou pagando o mesmo preço por menos bolachas no pacote. Isso é aumento de preço por vias safadas. Incontáveis empresas têm feito isso com seus produtos. E os consumidores otários não notam nem reagem?

300

Acabei de reler e entrei em parafuso. Reli o livro “Os 300 erros mais comuns na língua portuguesa”. É de dar um nó, só louco para memorizar todas as regras, usá-las e não errar. Loucura total. Conselho aos jovens? Pois não, leiam livros de autores brasileiros de qualidade, leiam com vagar, vão aprender “todas” as regras sem muito suor. Nesse caso, os olhos ensinam…

FALTA DIZER

Uma das encrencas da vida é o não aceitar a velhice. Não temos saídas. Ouça este anúncio: – “Procedimentos estéticos seguem em alta no Brasil”. Posso esconder as rugas do rosto, mas e o que faço com as rugas das minhas amarguras? Achar um propósito por que lutar é o único “procedimento” que preserva a juventude na vida.