“Fora da casinha”

Por: Luiz Carlos Prates

14/01/2019 - 10:01 - Atualizada em: 14/01/2019 - 10:09

Sim, é isso, vou falar um pouco sobre as pessoas que andam fora da casinha, andam estonteadas, tastaviando, andam como bêbadas… O que está havendo?

A primeira questão curiosa nessa discussão é que hoje tudo é bem mais fácil que “ontem”, um passado nada remoto. Os mais velhos devem lembrar que faz poucas décadas uma mulher desquitada era espiada nos cantos das janelas pelas outras mulheres, as “casadas”, malcasadas, mas que estavam casadas… Uma desquitada era objeto de risos, chacotas, acusações, tudo. E os homens desquitados? Ah, esses voltavam ao páreo dos corações, eram homens cobiçados, nada depunha contra eles, afinal, desquite só lesava as mulheres. Sociedade canalha.

Mas como disse, há muita gente fora da casinha e exatamente num momento em que desaparecem os preconceitos, o trabalho é facilitado por tecnologias, não há pobre que não tenha carro, não há pobre que não ande para lá e para cá, viajando… Tudo numa facilidade pouco imaginada há alguns anos, porém… quase todo mundo dando com a cabeça nas paredes. O que há?

O que há é falta de respeito pessoal, falta de projetos saudáveis de vida, falta de “paixão” por um trabalho, por uma arte, por uma ciência, por alguma coisa que ocupe a mente da pessoa e a faça viver feliz a sua graça profissional, ou amadora, não importa. As pessoas andam vazias, sem valores, sem credos, sem fé, sem esperança, gastando o que não têm ou o que têm, mas sem qualquer significado.

Ontem numa livraria, testemunhei, uma jovem mulher foi em busca de um determinado livro… Enquanto andava pela livraria encontrou uma outra jovem mulher. Trocaram sorrisos e algumas frases. A primeira, que procurava por um livro de um famoso da televisão, perguntou à outra que por que livro ela procurava. E ouviu como resposta: – “Ah, querida, eu não leio nada, nada, só vejo Netflix, o mais me cansa muito e me aborrece”!

Nem é preciso fazer diagnóstico, a moça do Netflix é uma pobre coitada, sem ideias, sem personalidade, sem orientação de vida, fora da casinha. Ela anda num rebanho enorme. A coitada não entende que os livros são remédios para todos os males e entretenimento para todas as idades. Livros enriquecem a mente, a vida; filmes entretêm os olhos. Mas você decide: viver bem na sua casinha ou muito mal fora dela…

Cabeças

Enquanto a pessoa não descobrir que seu destino e sua vida estão em sua cabeça, nada feito. Vai continuar arrumando desculpas e culpando terceiros. No Fórum da Longevidade, realizado mês passado em São Paulo, apurou-se que 25% dos idosos se preocupam muito com “as mudanças no corpo”. Que mudanças, caras-pálidas? Acham que vão ficar feias/os? Sãs as cabeças horrorosas as piores feiuras da velhice, o mais é secundário. Trouxas.

Atenção

Se você, em qualquer cidade de Santa Catarina, estiver pensando em ir “descansar” numa praia qualquer do nosso literal, prepare-se… A “moda” agora é de vagabundos levar caixas de som para a areia da praia e infernizar a vida de todos com um som de enlouquecer e de ninguém para coibir. A não ser, é claro, que você venha com alguns “amigos” para enfiar o pé nas caixas de som. Caso contrário, fique em casa, vai descansar mais.

Falta dizer

Falei de livros lá em cima? Então, é bom lembrar uma frase de Susan Sontag, escritora americana. Ela dizia que – “Adquirir o hábito da leitura é construir para si mesmo um refúgio contra quase todas as misérias da vida”. Coisa linda, Susan.