Fé no suor – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

17/03/2023 - 05:03 - Atualizada em: 17/03/2023 - 08:04

Vou dizer agora uma verdade que me deixa rubro de vergonha, tão velha, tão comezinha, tão vovó é essa verdade. Psicologia de porta de botequim. Pois a verdade que vou dizer agora deve ter sido dita pela primeira vez na porta de um botequim, e bem que pode ter sido Adão quem a fez…

O Adão de que falo é aquele, o inventado… Esse mesmo. A tal verdade, leitora, é simplesmente esta: – “A coragem só existe porque ela é vizinha do medo”. Prosaico, pois não? Então, se a coragem é vizinha do medo não há saída, esse medo tem que ser enfrentado.

E sabes o que acontece quando a coragem enfrenta o medo? O medo dá no pé, se manda. Digo essas obviedades – mas verdades incontestáveis da Psicologia – para dizer que quando nos levantamos da cadeira dos confortos, arregaçamos as mangas e mandamos o medo pastar, abrimos a porta para as nossas melhores vitórias.

Sem essa de esperar que o marido tosco, cara que não presta, vai se emendar, que um dia vai ser o bom sujeito que as tansas imaginam. Elas sabem desde o primeiro dia que o cara não presta, mas ficam com medo de dizer isso a ele ou pegar a trouxa e se mandar.

Quem espera não alcança, é bobagem o ditado que diz o contrário, mas quem luta alcança. Mas é preciso lutar. Ganhas pouco, uma merreca? De quem é a culpa? Não me venham com a história de que o patrão é um explorador, isso vale até que os reclamantes se tornem, eles mesmos, empregadores, donos de um negócio.

É preciso coragem para mandar o emprego merreca longe e arrumar outro melhor… Só a coragem faz isso. Tudo que desejamos depende só da coragem para conquistarmos. Já disse incontáveis vezes que ninguém é louco para sonhar ou desejar o impossível.

Mas sem a coragem para a luta não adianta rezar. Você sabe que o santo não ajuda a quem não se ajuda. E será que o santo ajuda mesmo a quem se ajuda? Enfrentar o que lhe parece impossível, mas muito desejável, e ver depois que a coisa não era tão difícil assim.

Estou envergonhado de dizer isso, mas… Sempre há quem precise ouvir que a fé remove montanhas. A fé no suor da coragem, é claro.

PROVÉRBIO

Tenho há muitos anos um livro de provérbios, de aforismos populares. Uma das frases, um provérbio espanhol, sentencia – “Cria fama e deita-te a dormir”. Discordo da cabeça aos sapatos.

Criar fama, boa fama, imagino, exige uma continuidade obstinada para justificá-la. De outro modo, a pessoa vira um traste, acomoda-se, acha-se a tal. Nada disso. Criaste fama? Então, respeito aos que te deram fama e obstinação guerreira para mantê-la e aumentá-la. Prego no deserto…

TEMPO

Os mais argutos sabem que o tempo passa depressa para os “idosos”, mas mesmo assim eles não “envelhecem”, a cabeça está boa, estão ocupados, vivendo. Já para os “velhos”, os de cabeça de porongo, vazios, nada para fazer e pensar, o tempo se arrasta.

E por que uns vivem e outros se arrastam? Os que se arrastam sempre foram desatentos existenciais. Semearam ventos, agora colhem tempestades de vazios…

FALTA DIZER

Acabei de ouvir mais uma vez a palestrante americana Louise Hay enfatizando que não há doença incurável, a medicina pode desconhecer a cura, mas ela é possível pelo próprio corpo/mente da pessoa doente. Louise teve doença “sem cura” com 80 anos e recuperou-se “milagrosamente”.

Nunca se entregar. Tudo é possível a quem (verdadeiramente) crê…