Estou fora, e você?

Por: Luiz Carlos Prates

15/01/2016 - 12:01 - Atualizada em: 15/01/2016 - 12:44

Quando ouço algo que me cutuca, que me tira do habitual, costumo dar logo uma resposta, é aquela história de termos uma programação, um tipo de software de juízos de valores. Todos somos assim. Por prudência, todavia, afinal, na passagem do tempo vamos ficando ou mais cuidadosos ou medrosos, de um modo ou de outro nossas respostas passam a ser mais demoradas. Será? Pelo menos diante de certas questões estou um pouquinho mais vagaroso, um pouquinho…

Um amigo me trouxe uma informação que ele tirou de uma revista feminina, ficou interessado na informação porque ele próprio e sua companheira vivem a situação contada pela revista. Era uma pesquisa sobre relacionamentos. E dessa pesquisa, saiu a informação de que – “49% de pessoas ouvidas consideram que o ideal de um relacionamento é cada um morando em sua própria casa”.

Bah, discordo da cabeça aos sapatos. Vejo uma relação entre homem e mulher, pelo casamento ou não, como uma relação que deve estar acima do sexo eventual, muito acima. A relação deve envolver o prazer de estar juntos, de dividir tudo, de rir e chorar perto um do outro, de, enfim, viver intensamente essa relação. E viver intensamente não é necessariamente andar aos beijos, abraços e sexo o tempo inteiro. Isso faz parte, mas o prazer está acima disso. O prazer está até mesmo no silêncio entre os dois, um num canto lendo um livro, o outro no outro canto fazendo um bolo, qualquer coisa, o estar perto é uma forma de diálogo que premia a vida a dois.

Não me alinho entre os que – para preservar a relação – afastam-se, moram cada um numa casa ou em quartos separados. Sou antiquado, paciência, talvez isso seja uma forma de dependência, não sei. Só sei que o amor é dependente… O que não podemos admitir é que, por “modernidade”, silenciemos e achemos que está certo o que não nos passa pelo aplauso… Casamento não é um lá e outro cá, casamento é os dois juntos. Ou que cada um vá cantar em outra freguesia. E ninguém me tira da cabeça que quem ama quer a “posse”, uma posse positiva, leve, amorosa, mas indispensável. De outro modo, então, seria bem melhor abrir os braços e consagrar o amor platônico, o amor que dispensa a posse, o estar juntos, o que fica só no sentimento. Estou fora.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.