“Espinafre não”

Por: Luiz Carlos Prates

17/09/2018 - 09:09 - Atualizada em: 17/09/2018 - 09:51

Observe esta manchete que acabei de encontrar num site de jornalismo: – “Cuide de sua mente com estes alimentos”. E aí apareciam vários alimentos ditos influentes para deixar o cérebro turbinado e apto para as nossas melhores ações e propostas existenciais. Tudo bem? Claro que não.

Desafio a qualquer cientista mundial, baita coragem a minha, a que me prove que se eu comer isto ou aquilo que vou ter uma cabeça melhor. Ora bolas, que conversa mole. Já não bastam os anúncios que propõem às pessoas aprender Inglês em quatro ou cinco semanas? Malandros.

Posso, isso sim, comer uma comida mais equilibrada, mais saudável para o corpo como um todo, mas não há, nunca houve, um alimento que me faça ter uma cabeça, mente, melhor. Nunca. Os processos que nos podem levar à uma boa cabeça, um bom pensar, inferir e concluir dependem da estimulação continuada ao longo da vida dos processos cognitivos, isto é, tem que haver esforços e consciência plena voltados para o que eu quero sabe e aprender.

Mania que alguns têm de querer chegar aos potes de ouro da vida tomando caminhos mais curtos, atalhos, isso não existe. Ninguém chega ao pódio olímpico só por comer bem, mas não mesmo. O cara vai ter que encher bacias de suor por muitos e muitos anos para chegar lá. Na moleza, compadre, nem bom-dia se ganha…

A continuar no ritmo educacional brasileiro de hoje, vamos precisar de 238 anos para que os nossos jovens cheguem ao nível dos jovens de mesma idade do chamado Primeiro Mundo. 238 anos, credo. Quem diz isso é o Ibope. Nossos jovens não sabem ler, ler com a extensão necessária e desejável, ler, compreender, ter condições de avaliar com bom juízo de valor o texto lido, sem o que nada vai ficar na memória e, por consequência, nada poderá ser bem evocado diante das necessidades da vida.

Andamos de arrastro diante do chamado analfabetismo funcional… E alguém vai querer resolver isso comendo espinafre? Desculpem-me os “cientistas” do oportunismo, mas para alimentar bem a mente ainda não inventaram nenhum comprimido ou comida que dê juízo ou faça um analfabeto funcional, isto é, os que aprenderam a ler e não leem, a ter “boa saúde” mental/cognitiva. Só os livros e as boas artes fazem isso. Se não fosse assim, o marinheiro Popeye seria gênio, só comendo espinafre. Embusteiros.

Votar

Um encontro de mulheres. Discutiam as próximas eleições, e ao fundo, uma faixa: – “Você pode mudar o Brasil – Vote consciente”. Discutível. Um estúpido vota consciente, ele acha que está fazendo o certo. E um “letrado”, mas com interesses pessoais, também vai votar consciente, a consciência dele pensa só nele… Votar consciente significaria:- “Não gosto dessa pessoa, ela não é do meu partido, mas a reconheço honesta e competente, vou votar nela…”. Isso seria voto consciente. Você conhece alguém que vote assim? Não.

Hipócritas

Trecho de uma reportagem de jornal paulista sobre o cotidiano das famílias: – “Por causa do trânsito e da violência, as crianças não caminham mais. As tarefas escolares e o lazer das crianças ocorrem olhando para a tela”. Sem reproches, mas… Quando um político/candidato diz que “bandido bom é bandido morto” os hipócritas caem de porrete sobre ele. Então, que seus filhos vivam enjaulados…

Falta dizer

Acabo de ler uma lista sobre os melhores cursos de MBAs do Brasil. Perda de tempo. Os diplomados com MBAs são os que mais estão fora do mercado de trabalho. Não sabem fazer nada de objetivo e operante e, por isso, são rejeitados nas seleções de pessoal. Saber é melhor que ostentar…