“Ela era ignorada”

Por: Luiz Carlos Prates

07/09/2018 - 10:09 - Atualizada em: 07/09/2018 - 10:40

Já contei a história dela aqui, mas faz muito tempo. Dia destes a “reencontrei”, foi uma festa, uma festa para mim. Quase não a reconheci. A reencontrei nos meus arquivos temáticos, ela estava no setor de vendas. Elegante, elegante no alto dos seus recém-completados 90 anos… De início, vou dizer que ela se chama Mary e é americana.

Essa mulher construiu uma carreira retumbante na área publicitária nos Estados Unidos, começou como vendedora. Vendedora em um tempo em que mulheres o que mais deviam era ficar em casa, aliás, como a estonteante maioria dos homens ainda deseja, só não as obrigam por… detalhes…

Mas o que me traz a Mary, mais uma vez, é um detalhe que ela contou sobre sua vida de vendedora. Ela ia às empresas oferecer os produtos da empresa em que trabalhava, foram muitas; e as empresas naquele tempo recuado, uns 60 anos mais ou menos, recebiam os vendedores num determinado dia, naquele dia todos deviam estar lá, diante de um diretor da empresa, um chefão.

Mary sentava-se ao meio dos vendedores e passava “despercebida”, não lhe davam bola nem vez. Mas Mary era muito observadora… e desse talento resultou muito do seu  sucesso. É preciso dizer ainda que os chefões nunca faziam pedidos comerciais a ela, não compravam de mulheres… Mas, como disse, Mary era observadora e observava tudo sobre as mesas dos chefões, pistas sobre suas personalidades, fotos, objetos, troféus, medalhas… O que ela fez? Do que mais observava tornou-se especialista.

E se especializou em cavalos, botânica, vinhos, montanhismo, peixes raros, escotismo, carros antigos, objetos e fotos que ela mais via nos escritórios dos chefões. E o que ela fez?

Quando chegava perto deles para vender, iniciava uma conversa sobre cavalos, montanhismo, escotismo, peixes, o que fosse que ela tivesse previamente observado sobre a mesa deles e que dessem indícios dos hobbies e dos lazeres dos chefões. Começava a conversa, por exemplo, falando muito e competentemente sobre montanhismo ou vinhos, paixões dos figurões, e eles… arregalavam os olhos e davam a Mary toda a atenção e tempo. Resultado? Mary vendia tudo o que a eles  oferecia, os derrubava de encantamentos pelo conhecimento que demonstrava sobre as paixões deles. O que dizer de uma “espertalhona” dessas? Uma baita vendedora, “psicóloga”, um talento notável, uma mulher eterna… Um beijão de admiração Mary Wells Lawrence, linda, sábia, “Vendedora”.

Tudo

Um vendedor tem que saber “de tudo” sobre os produtos que vende. A história do produto, o mercado, os potenciais clientes, os concorrentes, o ontem, o hoje e o amanhã do produto, tudo. O vendedor tem que saber mais do produto do que o produtor, o inventor, o pai do produto… Psicologia, história, mercado, tudo. E assim terá mais chances de vender “um pouquinho” mais que os outros, que ficarão, é claro, para trás…

Violento

Ele tem 19 anos, dizem que joga muito e… seria contratado por um grande clube de São Paulo. O clube, todavia, puxou o freio: o cara é perigoso, pode criar muitas encrencas. E eu digo, criaria ou criará sim. Ocorre que no ano passado ele foi denunciado à polícia por uma ex-namorada a quem ele surrou duramente e prometeu matá-la… Um cara desses nunca mudará. Vagabundo aos 19 anos, será vagabundo aos 90… Machinho impotente.

Falta dizer

Temos esperneamos pela felicidade, mas… temos um medo pânico dela. Inconscientemente não nos vemos merecedores da felicidade e de outro lado temos medo de tê-la nos braços e depois perdê-la, melhor então é deixá-la longe, apenas sonhar com ela. Um caso clínico, nós todos.