“Dinheiro e amor”

Por: Luiz Carlos Prates

20/07/2018 - 12:07

Estamos juntos há 26 anos. Já fiz várias tentativas para que ela caísse fora, mas nada. Ela se obstina e fica. O diacho é que ela parece não envelhecer, desde que a vi pela primeira vez tem a mesma cara, nenhuma mudança…

Desculpe, quase esqueço de dizer que “ela” é uma notícia, um recorte de jornal que há 26 anos está no meu arquivo temático, dentre aqueles assuntos “eternos” e de que me valho aqui, nas rádios onde comento, na tevê, nas palestras, por aí tudo. 26 anos, é tempo. E ela firme, não arreda pé, não cede espaço, continua vigorosa, êta, bichinha das boas!

Vou apresentá-la a você. Na verdade, reapresentá-la. Veja se a cara dela não continua a mesma nestes 26 anos: “Igreja conclui que crise afeta a família”. É uma reportagem de jornal e que tratava dos efeitos da crise econômica sobre as relações familiares. Só que a notícia é do dia 10 de setembro de 1992… Pode uma coisa dessas? O Brasil estava em crise já naquele tempo. Mas até aí nada. Quem não sabe que a crise começou no Brasil quando aqueles bandoleiros das caravelas de Cabral vieram dar com os costados por aqui? Ali começou tudo.

Fora disso, vão me desculpar, mas nenhuma crise tem o poder de afetar as relações de família. A notícia dizia em seu primeiro parágrafo que “A crise econômica vivida atualmente no país é hoje um dos maiores fatores de desagregação da família brasileira”. Como é que alguém em nome da Igreja pode dizer uma estupidez dessas?

Quando uma família, por exemplo, se vê numa dificuldade especial, marido ou mulher desempregado, ou ambos, digamos isso, a família que se respeita e se ama une-se ainda mais, não se abala nem se separa. Se houver abalo ou separação é porque não havia amor, não havia respeito. A crise deve unir a família, jamais abatê-la. Mas eu sei, o saldo bancário é um estimulante para a “sexualidade” de muitos, uma sexualidade asquerosa, no caso. Digo sexualidade num sentido figurado. A crise deve unir corações, nunca separá-los. As famílias que se unem nas dificuldades quando delas saem, saem de mãos dadas e corações pulsantes de amor. Já os pífios caem fora.

Espere… Tenho outra manchete nos meus arquivos: – “Dinheiro é mais importante que sexo no casamento”. Deus me livre! Fica para outro dia…

Horas

Dia destes, discutiam sobre pontualidade num programa de tevê. A proposta do programa era “Pessoas que têm dificuldades para chegar no horário”. Elas não têm dificuldades, elas são relapsas, irresponsáveis, se acomodam na paciência e tolerância alheias. Na minha empresa e na minha escola esses relaxados seriam curados em poucas horas. E as empresas podem acabar com atrasos, é só punir duramente aos irresponsáveis. É só irresponsabilidade, nada mais.

Verdade

Diz um consultor de empresas na revista Época: “Se você deixar na mão do chefe brasileiro, ele premiará a todos, e isso é injusto”. Concordo, mas o tal chefe premia a todos porque ele mesmo é um incompetente. Igualar os desiguais e desigualar os iguais é crime no ambiente de trabalho. A meritocracia deve ser a modela corrente, mas… ora bolas, esqueci, estamos no Brasil…

Falta dizer

Garota, você tem namorado? Quer dar um nó na cabeça dele, deixá-lo sem saber para onde olhar? Dê-lhe um livro, seja pelo motivo que for ou mesmo sem nenhum motivo… Vai ser uma revolução na cabeça dele. E se for boa pessoa, o livro vai mudá-lo. Arrisque. Arrisque, eu disse…